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Israel: Oposição acusa Netanyahu de manter o país refém

O país aproxima-se de mais um ato eleitoral, terceiro desde abril, uma vez que o Knesset não consegue uma maioria para formar um governo. Acusado de corrupção, Netanyahu só tem uma saída: vencer e, desse modo, manter a imunidade.
  • Ronen Zvulun /Reuters
4 Dezembro 2019, 07h55

Depois de não ter conseguido formar uma coligação para governar o país e de, posteriormente, ter sido formalmente acusado de corrupção, o ainda primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu é agora acusado – no meio de algumas manifestações de apoio – de manter o país refém da sua própria estratégia de ‘salvação’.

Os analistas afirmam que a única forma de Netanyahu fugir de um penoso processo judicial é a marcação de novas eleições e, se vencer, manter a imunidade institucional. A partir daí, regressa o ‘velho’ cenário das convergências dessa vez obrigatórias, que poderão passar – como já antes foi dito – por um governo liderado por Netanyahu e a sua posterior passagem para a presidência da república alguns meses depois da formação do governo, deixando o caminho livre para um novo primeiro-ministro.

O presidente de Israel, Reuven Rivlin, deixará o cargo no verão de 2021 – altura em que o parlamento israelita, o Knesset, elegerá o novo presidente, normalmente ligado ao partido que tem o governo em mãos.

A oposição acusa Benjamin Netanyahu de manter o seu próprio país como refém dessa política pessoal. “O esforço incansável de Netanyahu para evitar processos criminais é a única razão pela qual Israel enfrenta as suas terceiras eleições num ano. É também a única razão pela qual o Estado de direito está ameaçado, e a única razão pela qual, no pior cenário, a calamidade está prestes a chegar”, escreve um colonista do jornal “Haaretz”, conotado com o centro-esquerda.

A oposição recorda que “Netanyahu rasgou as normas estabelecidas após não formar um governo depois das eleições de abril, forçando um Knesset recém-eleito a dissolver-se ao invés de entregar o mandato a Benny Gantz, conforme era exigido por lei”. Em vez disso, o primeiro-ministro conseguiu marcar novas eleições para setembro passado, que perdeu. “Agora, Netanyahu está prestes a repetir o mesmo truque, apesar de seu segundo fracasso eleitoral e de ter sido indiciado pelo procurador-geral Avihai Mendelblit por corrupção”.

“Existem poucos países democráticos nos quais um primeiro-ministro que foi acusado pela sua própria polícia, pelos promotores estaduais e pelo procurador-geral por suborno, fraude e quebra de confiança pode permanecer no seu cargo”. Netanyahu defende-se com a Lei Básica de Israel, segundo a qual um primeiro-ministro é obrigado a renunciar somente após um veredicto final dos tribunais.

Entretanto, depois de Netanyahu e do seu principal opositor, Benjamin Gantz, não terem conseguido encontrar uma solução para formarem governo, a decisão está também nas mãos do Knesset: o parlamento foi indicado pelo presidente para tentar encontrar uma maioria para a formação de um governo, qualquer que fosse. O prazo concedido por Rivlin esgota-se no início da próxima semana – e ninguém acredita que até lá seja possível ao Knesset encontrar uma solução interna. Depois disso, o presidente terá de marcar novas eleições.

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