Não é novidade nenhuma: o teletrabalho ou trabalho remoto está a crescer… Ou será mais correto dizer que está a invadir as principais profissões? A digitalização mudou radicalmente a forma como trabalhamos, socializamos, pensamos, agimos ou decidimos.

Trouxe consigo a facilidade de interagir através de relações virtuais e imediatas, a partir de qualquer parte do mundo. Na UTRUST a própria cultura promove uma flexibilidade remote para todos os seus colaboradores, sendo que 35% escolhem trabalhar diariamente de forma remota.

Mas por que razão trabalhar a partir de casa ou em espaços de coworking (em crescimento também) pode ser um sonho tornado realidade?

Um dos principais desafios das empresas – aquelas que ainda não estão adaptadas a este novo paradigma – é precisamente o crescente número de colaboradores e candidatos que procuram trabalhos remotos.

Há vários motivos para este fenómeno. O mais óbvio: o tipo de vida flexível. Se não precisas de estar num local, a determinada hora, durante um período de tempo fixo, o teu dia pode ser gerido da forma que desejares, organizando as funções com autonomia. Este processo só funciona com o contributo de ambas as partes, mas nem todas as empresas estão a saber acompanhar as vontades dos colaboradores.

Em segundo lugar, permite evitar o trânsito que todos os dias entope as grandes cidades, onde se concentra a maioria dos recursos humanos. Da forma como o país está a evoluir, são cada vez mais os cidadãos que residem fora dos grandes centros urbanos. A par disso, e como não necessitas de ir para o escritório, não precisas de lidar com situações causadoras de stresse e ‘distrações’, tal como os colaboradores “tradicionais”.

Um recente estudo produzido pela Royal Society for Public Health (RSPH) verificou que 55% dos colaboradores sentiam-se mais stressados sobretudo pelos problemas que enfrentavam diariamente para chegar ao trabalho.

Do lado da empresa, há também benefícios que devem ser tidos em conta. Se o nosso negócio é global e temos uma equipa espalhada pelo mundo, esta solução pode apresentar vantagens competitivas já que elimina gastos diários de um escritório. Ao mesmo tempo, a “omnipresença” da empresa pode ser relevante na representação em eventos, realizados em qualquer parte do mundo.

Mas o chip pode não estar adaptado para todos… Alguns colaboradores preferem ter o ambiente de escritório e outros preferem o chamado “teletrabalho”. Uma das principais dificuldades é, sem dúvida, a solidão, a falta de ligações sociais e de cultura empresarial – que envolve as ações de team building, comunicação interna e outras ferramentas –, fundamentais para a experiência completa do colaborador.

A sensação de “estar sempre a trabalhar” é um dos calcanhares de Aquiles do trabalho remoto. O facto de trabalharem fora do escritório – onde tradicionalmente os colaboradores são avaliados – pode levar à (sensação de) necessidade de apresentar resultados todos os dias, como se de uma “prova” se tratasse. Além disso, no caso das empresas que têm colaboradores em diferentes fusos horários, é comum que tenham de conciliar agendas no período em que já terminou ou ainda não começou o dia de trabalho.

E não, o trabalho remoto não é para todos. Quando alguém se candidata a uma posição com esta política deve, antes de mais, pensar na sua capacidade de gestão de tempo e nível de autonomia. Se as distrações vencem sempre e qualquer “desculpa” é válida, então este não é o modelo correto. A par disso, a motivação para o trabalho remoto nunca pode ser porque não se gosta do ambiente e do emprego. Não é dessa forma que vai mudar de comportamento.

Não se sabe ao certo quantos colaboradores existem em Portugal a trabalhar remotamente. A Fundação Europeia para a Melhoria das Condições de Vida e do Trabalho posiciona o país nos últimos lugares, considerando que mais de 18 milhões de cidadãos europeus trabalham em regime remoto.

A geração Millennial, por exemplo, que está entretanto a chegar ao mercado de trabalho, não quer ter um dia a dia previsível e “fechado” na mesma sala. Enquanto cidadãos do mundo, os novos colaboradores procuram carreiras ambiciosas, conjugadas com a vida e as experiências que escolheram. Há desafios que são intrínsecos a esta política, mas a premissa deve ser sempre a mesma: é uma questão de esforço e compromisso.