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Janet Yellen: “Mexer a política monetária de forma muito lenta tem riscos”

A presidente cessante da Reserva Federal norte-americana afirmou, na terça-feira, que o maior desafio da Fed nos próximos anos vai ser traçar uma política de taxas de juro que impeça um ciclo de “rápida expansão-contração”.
  • REUTERS/Yuri Gripas
22 Novembro 2017, 08h17

A presidente cessante da Reserva Federal norte-americana afirmou, na terça-feira, que o maior desafio da Fed nos próximos anos vai ser traçar uma política de taxas de juro que impeça um ciclo de “rápida expansão-contração”.

Segundo Janet Yellen, o banco central norte-americano vai deparar-se com um delicado ato de equilíbrio: vai precisar de elevar as taxas de juro a um ritmo que permita ao mercado laboral melhorar e à inflação encaminhar-se em direção à meta da Fed, mas isto sem atrasar as subidas ao ponto de ser forçada a fazê-lo rapidamente e, por conseguinte, ameaçar atirar o país para a recessão.

Os comentários de Yellen, na Universidade de Nova Iorque, ecoaram anteriores declarações sobre a inflação, indicando que a Fed ainda se prepara para elevar as taxas de juro, novamente, em dezembro, o que, a suceder, teria lugar pela terceira vez desde o início do ano.

“Mexer a política monetária de forma muito lenta (…) tem riscos”, particularmente se o desemprego, já em 4,1% – a mais baixa taxa em quase 17 anos –, começa a cair ainda mais rapidamente, afirmou Yellen.

Na sua perspetiva, tal pode desencadear um súbito ‘pulo’ da inflação, forçando a Fed a responder com aumentos mais agressivos das taxas de juro passíveis de acabar com a atual expansão económica, que é já a terceira mais longa da história. “Não queremos uma situação “rápida expansão-contração”, sustentou.

À semelhança do que referiu no passado, Yellen disse que a Fed continua intrigada sobre por que razão a inflação – que começou a caminhar em direção à meta de 2% do banco central – sofreu recuos em vários meses este ano. Segundo a mesma responsável, acredita-se que tal foi causado por fatores temporários, como a ‘guerra de preços’ entre empresas de telemóveis, defendendo que a Fed precisa de monitorizar mais cuidadosamente a inflação.

A aparição pública de Yellen ocorreu um dia depois de ter submetido a carta de demissão ao Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, dando conta de que não ficará no Conselho de Governadores da instituição depois de Jerome Powell lhe suceder na liderança.

Donald Trump designou, no início do mês, o republicano Jerome Powell para a presidência da Fed, uma nomeação que aguarda a confirmação pelo Senado norte-americano, em sessão agendada para a próxima semana. Embora o mandato de quatro anos de Janet Yellen à frente da Fed termine em 03 de fevereiro do próximo ano, a economista podia ter optado por permanecer no Conselho de Governadores da instituição (que tem sete membros) até 2024.

Yellen, que participou num debate na Universidade de Nova Iorque com Mervy King, antigo governador do Banco de Inglaterra, não foi questionada sobre os sentimentos em relação a não ser escolhida para um segundo mandato, mas afirmou, numa resposta, que manteve boas relações com os responsáveis em ambas as administrações (Barack Obama e Donald Trump)

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