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“Jerusalém, a Biografia” de uma cidade que continua a dividir o mundo

Há uns milénios que a cidade dá que falar e Donald Trump colocou-a de novo nas primeiras páginas dos jornais e nas aberturas dos telejornais.
15 Dezembro 2017, 11h20

Quando foi conquistada por David, cerca de 1000 a.C., Jerusalém era já uma povoação antiga, tida por inexpugnável, erigida na montanha, por entre penhascos, sujeita a invernos frios e verões de calor abrasador. Jerusalém, a cidade universal, alegadamente capital de dois povos e lugar santo para as chamadas três religiões d’O Livro – judaísmo, cristianismo e islão –, prémio dos impérios e local previsto para o dia do Juízo Final, permanente campo de batalha do atual choque de civilizações, volta a ser palco de fanatismos, intolerância e incompreensão.

Em “Jerusalém, a Biografia”, publicado pela Alêtheia Editores, Simon Sebag Montefiore narra a história da cidade desde o rei David até Barack Obama e o conflito israelo-palestiniano. Trata-se de uma narrativa épica de 3000 anos de fé, conquistas, matanças, intransigência religiosa e coexistência ou tentativas de coexistência pacífica. Como foi que esta pequena e longínqua cidade veio a ser a Cidade Santa, o “centro do mundo”, como era representada nos mapas medievais?

A biografia da cidade é contada através das guerras, paixões e revelações de homens e mulheres – reis, imperatrizes, profetas, poetas, santos, conquistadores e prostitutas (Flaubert, por exemplo, confessou ter viajado pela região mais em busca de êxtase carnal do que espiritual) – que criaram, destruíram, escreveram sobre e acreditaram em Jerusalém. Baseando-se sobretudo em investigação histórica, Montefiore analisa a aura de santidade e misticismo que envolve a cidade, a sua fortíssima identidade (ou melhor, identidades, dado que é constituída por um mosaico sociocultural) e a história conturbada.

Apesar de se tratar de um tema tão delicado, e dos seus laços familiares com Jerusalém, o autor consegue um retrato bastante equilibrado e aprofundado da cidade que, estando no centro, continua a dividir o mundo.

A sugestão de leitura desta semana da livraria Palavra de Viajante

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