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Joacine junta-se ao coro de críticas à escolha de António Costa Silva: “Economia está a ser colocada acima da dignidade humana”

A deputada não inscrita Joacine Katar Moreira acusa o Governo de ignorar as preocupações com o futuro do planeta e diz que é “indispensável romper com um discurso, e seus agentes, que colocam ‘a economia’ acima da dignidade humana, do equilíbrio dos ecossistemas e da biodiversidade”.
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    Mário Cruz/Lusa
2 Junho 2020, 11h20

A deputada não inscrita Joacine Katar Moreira considera que a escolha do CEO da empresa petrolífera Partex, António Costa Silva, para desenhar o plano de recuperação da economia é “voltar aos ‘tempos áureos'” da exploração dos combustíveis fósseis. Joacine Katar Moreira acusa o Governo de ignorar as preocupações com o futuro do planeta e diz que é “indispensável” deixar de colocar a economia acima da dignidade humana.

“O que parece claro é que o primeiro-ministro [António Costa] está a tentar voltar aos ‘tempos áureos’ em que grandes investimentos em infraestruturas dinamizavam economias assentes na exploração dos combustíveis fósseis (política extrativista agora alargada aos recursos minerais)”, refere a deputada, num comunicado enviado às redações em reação à decisão do Governo de escolher António Costa Silva para coordenar a preparação do Programa de Recuperação Económica, que deverá estar concluído até à aprovação do orçamento suplementar.

Joacine Katar Moreira considera que a escolha é contrária à decisão da Comissão Europeia de colocar o Pacto Ecológico Europeu no centro da sua intervenção e ao manifesto subscrito por mais de 90 organizações e pessoas por uma recuperação económica justa e sustentável em Portugal. “A lógica subjacente é semelhante à do passado, focando-se numa recuperação económica mais ou menos verde”, refere.

A deputada acusa ainda o Governo de se “recusar a reconhecer a necessidade de uma mudança profunda de paradigma” e fazer “’tábua rasa’ de algumas das preocupações já manifestadas por cidadãos e diversos especialistas com o futuro do planeta, severamente ameaçado pelo paradigma económico vigente, não podemos voltar à ‘normalidade’ que nos trouxe à situação em que nos encontramos”.

“É indispensável romper com um discurso, e seus agentes, que colocam ‘a economia’ acima da dignidade humana, do equilíbrio dos ecossistemas e da biodiversidade, indissociáveis da nossa existência enquanto espécie”, sublinha.

Depois das críticas do Bloco de Esquerda (BE), do CDS-PP e do partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN), António Costa Silva veio esclarecer, em entrevista à RTP, que não vai negociar o plano económico em nome do Governo. “Os partidos têm razão, eu tenho imenso respeito pelos partidos. A minha missão não e negociar, a minha missão é fazer o plano. Quem vai negociar, fazer as escolhas, e estabelecer prioridades, é o Governo”, sublinhou.

De acordo com o gabinete do primeiro-ministro, o gestor da Partex foi convidado para “coordenar a preparação do Programa de Recuperação Económica”, que deve estar concluído até à aprovação do Orçamento Suplementar. O convite foi aceite “como contributo cívico e ‘pro bono'”, “enquanto os membros do Governo estão concentrados, nesta fase, no Programa de Estabilização Económica e Social e no Orçamento Suplementar”.

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