O deputado do PS João Galamba considerou hoje “positivo, embora tardio”, o reconhecimento pelo presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, de que a ‘troika’ “pecou contra a dignidade” de portugueses, gregos e também irlandeses.
“[As declarações de Juncker] parecem indiciar que a atual União Europeia (UE) tem consciência do facto, isso é positivo. Torna-me mais otimista sobre as negociações que estão agora em curso com a Grécia e é uma excelente oportunidade para a Europa fazer finalmente um diagnóstico sobre a estratégia implementada nos últimos anos”, disse o deputado socialista, em declarações à agência Lusa.
Jean-Claude Juncker afirmou segunda-feira que a ‘troika’ “pecou contra a dignidade dos cidadãos na Grécia, Portugal e muitas vezes na Irlanda também”, reiterando a necessidade de rever o modelo, para não se repetirem os mesmos erros.
Para João Galamba, as declarações de Juncker perante o Comité Económico e Social traduzem “aquilo que é mais evidente para um número crescente de pessoas”, nomeadamente de que a estratégia seguida nos países sob intervenção externa foi “um erro”.
“Não resolveu o problema da dívida, agravou a crise, criou problemas sociais gravíssimos que, no caso grego, atingiram um nível tal que podemos quase falar numa crise humanitária”, sustentou.
De acordo com o deputado socialista, as declarações de Juncker são “relevantes, quando contrastadas com as do governo português”.
O socialista lembrou, a propósito, que a ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, teve quarta-feira, em Berlim, um encontro com o ministro alemão Wolfgang Schäuble, num momento em que Portugal foi apresentado como “uma espécie de trofeu de austeridade”.
“Foi um momento achincalhante para o país, e que corresponde a uma enorme mistificação sobre a realidade dos programas da ‘troika’ e a sua eficácia. E parece que Juncker vem colocar-se do lado oposto ao do governo português. Reconhece algo importante, que estes países foram vítimas de uma estratégia errada. O que é bizarro é que seja o presidente da comissão europeia a reconhecê-lo e não, em primeiro lugar, o governo português”, lamentou.
Segundo João Galamba, a Grécia “não é um caso isolado” de austeridade, mas antes “um caso extremo da aplicação da estratégia de austeridade e de empobrecimento que a Europa desenhou para responder a essa crise”.
OJE/Lusa