[weglot_switcher]

João Galamba: renováveis têm de estar ao serviço do investimento

O secretário de Estado diz que o país “vive uma situação inédita”: não precisa de atrair mais investimento, mas sim viabilizar aquele que está em pipe line. A revolução energética, aposta ‘antiga’ do Governo, é a chave. E é para continuar, promete.
6 Maio 2022, 17h31

Portugal sabia em antecipação que o desafio energético era urgente e agora, num contexto onde o grau de urgência disparou – com o patrocínio inevitável da guerra na Ucrânia – o país está numa posição não de ter de atrair investimento estrangeiro para o território, mas de explicar aos vários interessados que estão reunidas as condições para o fazerem. “É uma situação inédita”, disse o secretário de Estado do Ambiente e da Energia, João Galamba, no encerramento da Conferência ‘Os novos desafios da Energia’, organizada em conjunto pela Goldenergy e pelo grupo Axpo, com o Jornal Económico como media partner.

”O sector da energia tem que criar as condições para que o investimento que quer vir para Portugal” possa vir para Portugal. “Há condições físicas, legais, de acompanhamento. Somos muito competitivos em renováveis”, disse.

Sabendo que o pós-Covid e a guerra na Ucrânia “tornaram tudo mais urgente”, João Galamba disse que “Portugal tem condições para acelerar as metas de descarbonização de 2030”. Ou seja, 80% de eletricidade a partir de renováveis e a meta da energia solar atingida em 2026 –números do Governo, mais conservadores que os da ERC, a autoridade reguladora, que indicava 2025).

A política do Governo nesta área permitiu que “sustentabilidade, segurança e preço, três elementos em tensão ou contradição, estejam agora estão alinhados. Lidamos com menos contradições”, afirmou João Galamba, para quem a chave da ‘descomplicação’ está no racional de negócio que a aposta nas renováveis permitiu acrescentar às valências climáticas – tantas vezes bondosas, mas excessivamente dispendiosas.

Mas o Governo vai continuar a acelerar a sua aposta. Desde logo, disse “rejeitando a dicotomia entre produção centralizada ou descentralizada. Ambas têm vantagens e desvantagens, ambas são ambas necessárias. Jamais faremos uma escolha entre elas”. Escolher uma em detrimento da outra “seria um péssimo serviço à descarbonização. Seria sermos aliados do gás e dos combustíveis fósseis”.

Inversamente, o que o Governo fará é “viabilizar todas a produção sustentável”. E também, não se esqueceu de o afirmar, “melhorar” o que for melhorável – nomeadamente no quadro do Plano Nacional de Energia e Clima: “esquecemo-nos, como a Espanha se esqueceu, dos consumos associados à indústria”.

Ou seja, a aproximação dos consumos energéticos da indústria às renováveis faz com que “tenhamos de fazer uma revisão em alta da energia necessária. Com muitos projetos a quererem investir, temos de ser rápidos” nesta frente.

No âmago do desafio está uma trajetória complexa, mas com uma finalidade simples: “a descarbonização não só ambiente, é também um projeto económico. Passou a ser um movimento transversal a toda a economia”. E isso fez toda a diferença. “Tudo faremos para não perder esta oportunidade”, concluiu o secretário de Estado do Ambiente e da Energia.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.