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Jogos de luz e escuridão no Maat

Esculturas com lâmpadas, projeções e elementos arquitetónicos, que abrangem um período que vai de 1987, altura em que Cartsen ainda trabalhava como cientista, até aos dias de hoje. A não perder no Maat.
3 Outubro 2021, 11h30

A exposição monográfica de Cartsen Höller reúne uma vasta série de obras que produzem luz e escuridão. Esculturas com lâmpadas, projeções e elementos arquitetónicos, que abrangem um período que vai de 1987, altura em que Höller ainda trabalhava como cientista, até aos dias de hoje.

Carsten Höller nasceu em 1961, em Bruxelas, de pais alemães. Após ter obtido uma licenciatura em Fitopatologia com especialização em Ecologia Química na Universidade de Kiel, Alemanha, dedicou-se exclusivamente à arte desde 1993. Höller aplica a sua formação como cientista ao seu trabalho como artista, centrando-se particularmente na natureza das perceções e relações humanas. Alguns dos seus trabalhos mais notáveis incluem Flying Machine [Máquina Voadora] (1996), uma instalação interativa na qual os espectadores são amarrados a um arnês e içados pelo ar; Test Site [Local de Teste] (2006), uma série de diapositivos enormes instalados no Turbine Hall do Tate Modern; e Upside-Down Goggles [Óculos de Proteção Invertidos] (2009–11), uma experiência participativa em curso, com distorção da visão através de óculos de proteção. Revolving Hotel Room [Quarto de Hotel Rotativo], que se tornou um quarto de hotel totalmente operacional à noite, foi apresentado na exposição theanyspacewhatever no Guggenheim Museum, Nova Iorque (2008–09). Nas palavras do próprio artista, “todas estas obras, incluindo os diapositivos, são esculturas exploratórias. Elas oferecem a possibilidade de experiências interiores únicas que podem ser utilizadas para a exploração do eu”.

Para Höller, o museu pode ser visto como um espaço para a experimentação e para testar ideias e conceitos que podem eventualmente ser concretizados a uma escala maior. Synchro System, referente à sincronização entre o espectador e a obra de arte, entre seres humanos e “efeitos de máquina”, foi concebido por Höller para a Fondazione Prada, Milão (2000) e consistiu na realização de uma “aldeia de possibilidades” composta por estímulos psicofísicos e ferramentas interativas. Outras grandes exposições individuais de Höller incluem 7.8 Hz, Le Consortium, Dijon (2004); Carrousel, Kunsthaus Bregenz, Áustria (2008); Experience, New Museum, Nova Iorque (2011); Doubt, Pirelli HangarBicocca, Milão (2016); e Sunday, Museo Tamayo, Cidade do México (2019). Höller vive e trabalha em Estocolmo e Biriwa, Gana.
Mais de vinte peças, muitas delas especialmente recriadas para a exposição, desdobram-se por todo o museu em percursos organizados que entram em diálogo com o seu carácter espacial único de curvaturas orgânicas, limites estreitos e volumes de dimensões e luminosidade diferentes. Despido de qualquer estrutura de suporte, nem utilizando qualquer sistema de iluminação incorporado no museu, o espaço é apenas iluminado pelas próprias obras conduzindo o público através de experiências multissensoriais de perceção alterada.

DIA estende-se também para o exterior, apresentando pela primeira vez Light Wall (2021), uma obra erguida ao ar livre na entrada do museu, com uma variedade de lâmpadas que brilham a uma frequência hipnotizante de 7,8 Hz. Lisbon Dots (2006/2021), também aqui apresentada pela primeira vez na sala oval no centro do museu, é uma instalação interativa feita de 20 projetores de holofotes que seguem os movimentos das pessoas e lhes permite jogar um jogo de distanciamento e proximidade social. Em colaboração com a Acute Art, a produtora de vanguarda de peças de AR (realidade aumentada), VR (realidade virtual) e MR (realidade mista), dirigidas e com curadoria de Daniel Birnbaum, a exposição expande-se também para a dimensão digital, com uma aplicação especial a estrear em Lisboa.

Também é apresentada a obra icónica Two Roaming Beds (2015). Os visitantes terão a oportunidade única de passar uma noite dentro do museu, onde tudo o que está exposto pode ser experimentado em privacidade. As camas mover-se-ão ao acaso e deixarão um rasto deambulação noturna, sob a forma de uma linha colorida no chão, que se somará ao longo do tempo para criar um desenho gigantesco.

No âmbito da exposição, terá lugar o programa público Meditações 7.8Hz, com curadoria de Mariana Pestana, entre dezembro de 2021 e fevereiro de 2022. Meditações 7,8 Hz é um conjunto de performances e uma publicação em vinil que reúne contribuições de pensadores e compositores contemporâneos sob a forma de meditações, dando corpo a uma ressonância entre a Terra e o ser humano. 7,8 Hz é a frequência das ondas cerebrais humanas durante o estado de relaxamento do “sonhar acordado”. Lançada num tempo marcado por uma crise ambiental global e por um estado de isolamento social com profundas repercussões a nível psicológico, esta performance-publicação presenteia o público com uma sequência de composições terapêuticas textuais e sonoras, recordando-nos que a interdependência ecológica é radical e totalizadora.

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