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‘Joint venture’ entre BMW e a portuguesa Critical Software duplica faturação para 57 milhões de euros em 2020

A Critical TechWorks, uma ‘joint venture’ entre a portuguesa Critical Software e a BMW para desenvolvimento de soluções automóveis digitais, contratou 850 pessoas em dois anos e prevê duplicar a faturação este ano para 57 milhões de euros.
  • Rui Cordeiro, CEO da Critical Techworks
31 Agosto 2020, 09h16

Em entrevista à agência Lusa na altura em que a empresa – que tem base no Porto, mas também escritórios em Lisboa – assinala dois anos de atividade, o chief operations officer (COO) da Critical Techworks apontou como objetivo terminar 2020 com um milhar de funcionários (dos quais cerca de dois terços no Porto e os restantes na capital), face aos 600 do final de 2019.

Para 2021, adiantou Jochen Kirschbaum, a meta passa por atingir uma equipa com mais de 1.200 pessoas.

De acordo com este responsável, o ritmo de crescimento dos quadros tem acompanhado a evolução do volume de negócios, que em 2018 – ano de arranque da empresa – foi de três milhões de euros, mas que disparou para os 32 milhões de euros em 2019 e se prevê que quase duplique no final deste ano, para os 57 milhões de euros.

Destinada a apoiar o desenvolvimento de soluções digitais para equipar os veículos do grupo BMW, a Critical Techworks resulta de uma parceria entre o gigante automóvel alemão e a tecnológica portuguesa Critical Software, uma empresa de ‘software’ e sistemas de informação com sede em Coimbra.

Conforme explicou à Lusa Jochen Kirschbaum, “a BMW optou por uma ‘joint venture’, em alternativa à criação de uma empresa própria de raiz, porque a área de digitalização e de desenvolvimento de ‘software’ é muito complexa e porque é muito difícil introduzir novos modelos de trabalho na BMW, um ‘big ship’ [empresa de grande dimensão] na qual a transformação demora tempo”.

“Decidimos, por isso, optar por este atalho e estabelecer esta ‘joint venture’ para aprender e implementar ‘software’ de última geração e engenharia de excelência em novos modelos de trabalho, através da Critical Software”, disse.

De acordo com o COO da Critical Techworks, a parceria foi o culminar de uma “muito longa avaliação, feita em diferentes mercados, para ver qual o mais adequado para a implementar”.

“Não o fizemos na Alemanha porque há lá uma grande ‘batalha de talentos’ nesta área. A procura de programadores de ‘software’ é muito grande, assim que os licenciados saem das universidades, e por isso começámos desde logo a procurar noutros países”, recordou.

Sendo um dos requisitos “estar perto da Alemanha, porque se pretendia manter uma relação próxima com a sede de Munique”, Portugal foi à partida “identificado como um dos países mais adequados, também devido à estabilidade política, à qualidade da formação superior nas áreas das ciências, matemática e informática e ao nível de inovação em diferentes domínios, de que é exemplo o sistema português Multibanco”.

Dois anos volvidos, Jochen Kirschbaum garante que “a BMW está muito satisfeita com a ‘joint venture’ e com o seu nível de ‘performance’ e de criação de valor”, tendo-se quer a estratégia de “aposta num parceiro, para ir aprendendo com ele”, quer a escolha de Portugal para a concretizar revelado escolhas acertadas.

Com uma média de idades dos funcionários em torno dos 31/32 anos, a Critical Techworks trabalha em duas grandes áreas de desenvolvimento de produto: A denominada ‘enterprise IT’, focada no desenvolvimento de ‘software’ para satisfazer as necessidades internas da BMW, sobretudo ao nível da tecnologia da produção e de produtos financeiros; e a área da conectividade automóvel, que passa pelo desenvolvimento de ‘software’ ao nível da eletrónica do carro, desde o entretenimento ao desenvolvimento de plataformas, aplicações, sistemas de ‘back-end’ ou ‘cloud’, ou seja, “tudo o que é preciso para o futuro da mobilidade e conectividade dos automóveis”.

Para o COO da Critical Techworks, é “impressionante” o ‘output’ de produtos já desenvolvidos pela empresa em apenas dois anos de atividade, uma vez que, normalmente, nesta área “as companhias demoram dois a três anos a lançar algo novo no mercado”.

Segundo salienta Jochen Kirschbaum, “muitos dos produtos atualmente disponíveis nos veículos BMW foram desenvolvidos pela Critical Techworks”: É o caso do Android Auto, que permite conectar o telemóvel ao sistema multimédia do automóvel, ou da nova aplicação da BMW, que se pode instalar no telemóvel e que permite controlar remotamente algumas funções do veículo, como verificar se os vidros estão abertos e fechá-los, trancar as portas ou enviar destinos de viagem para o sistema de navegação do carro.

Lançada em julho em alguns dos principais mercados da BMW, como a Alemanha, França e Holanda, esta aplicação vai estar “em breve” disponível em Portugal, disse.

Ainda destacada por Kirschbaum é a contribuição que a Critical Techworks terá no novo veículo elétrico a lançar em julho do próximo ano pelo gigante alemão – o BMW i4 – onde, garante, “vão ser incorporados muitos produtos” desenvolvidos pela empresa.

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