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Jornal espanhol critica “contraditório processo de descarbonização” em Portugal

O jornal espanhol “ABC” explica que “Portugal importa de Espanha 10% da eletricidade que consome”, pelo que “a energia proveniente do carvão continua a ser utilizada em solo português”.
9 Janeiro 2022, 15h53

O jornal espanhol “ABC” destaca, na sua edição deste domingo, aquilo que considera serem contradições no processo de descarbonização em Portugal, nomeadamente no que diz respeito ao uso de carvão para a produção de eletricidade.

Recorde-se que o dia 20 de novembro ficou assinalado como o primeiro dia em que Portugal deixou definitivamente de usar carvão na produção de eletricidade, após o encerramento da Central Termoelétrica do Pego, a segunda maior responsável pelas emissões de dióxido de carbono em Portugal.

Explica o “ABC” que, apesar de Portugal ter-se tornado o quarto país da União Europeia a abandonar a produção de energia a partir do carvão, “essa circunstância não implicou a erradicação das fontes consumidas com semelhante origem”.

“As duas principais elétricas que operam do outro lado da fronteira, Endesa e EDP, mantêm a produção de eletricidade baseada do carvão em Espanha”, escrevem os espanhóis.

Desta forma, o jornal espanhol explica que “Portugal importa de Espanha 10% da eletricidade que consome”, pelo que “a energia proveniente do carvão continua a ser utilizada em solo português”.

O media espanhol realça que “a própria EDP continua a explorar a central que detém em Aboño (nas Astúrias), já que abastece a indústria pesada da região”.

Com a importação de 10% de eletricidade a Espanha, o “ABC” sublinha ainda que Portugal também acaba por “utilizar energia nuclear”, apesar de não existirem centrais em território português.

Entre 2008 e 2019, a Centro do Pego representou, em média, anualmente, 4% das emissões totais nacionais de gases com efeito de estufa (GEE), variando entre 1,6 e 5,3 milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente em função da produção realizada (2019 é o último ano com emissões totais nacionais disponíveis). Em termos absolutos, a média anual foi de 4,7 milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente.

Apesar dos equipamentos de despoluição instalados, a central a carvão do Pego era também uma fonte significativa de emissão de diversos poluentes, como os óxidos de azoto, dióxido de enxofre, partículas e metais pesados, cujas quantidades lançadas para a atmosfera em Portugal sofrerão uma redução importante.

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