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Kiev denuncia “inúmeros casos” de violações de mulheres pelas forças russas (com áudio)

O ministro ucraniano Denis Monastirsky, que participou na segunda-feira por videoconferência na reunião extraordinária de ministros do Interior europeus em Bruxelas, assegurou que tem provas de “muitas violações a mulheres”.
  • Bloomberg
30 Março 2022, 07h55

O governo ucraniano denunciou à União Europeia (UE) “inúmeros casos” de violação de mulheres pelas forças da Rússia durante a invasão russa da Ucrânia, revelou esta terça-feira a comissária europeia dos Assuntos Internos, Ylva Johansson.

O ministro ucraniano Denis Monastirsky, que participou na segunda-feira por videoconferência na reunião extraordinária de ministros do Interior europeus em Bruxelas, assegurou que tem provas de “muitas violações a mulheres”.

Estas violações, que também já aconteceram em “muitas outras guerras, parecem ser mais ou menos incentivadas pelos russos”, referiu Ylva Johansson durante a Comissão dos Direitos da Mulher e Igualdade de Género do Parlamento Europeu.

“É a primeira vez que se ouve falar neste assunto no contexto de guerra na Ucrânia. Isto está a acontecer agora, de acordo com o ministro do Interior ucraniano”, realçou.

A eurodeputada irlandesa, Frances Fitzgerald, do Partido Popular Europeu (PPE), lamentou a ocorrência destes ataques sexuais e exortou os Estados-membros a documentarem as queixas para que possam ser apresentadas no Tribunal Internacional de Justiça.

A comissária europeia dos Assuntos Internos falou ainda esta terça-feira, perante os eurodeputados, sobre o plano de dez pontos, acordado na segunda-feira na UE, para avançar na coordenação para o acolhimento de refugiados.

Este plano propõe, entre outros elementos, a criação de um registo europeu para todas aquelas pessoas que fogem do conflito na Ucrânia.

O registo ajudará a evitar desaparecimentos, principalmente de menores, realçou Ylva Johansson, lembrando que dos 3,8 milhões de refugiados que chegaram à UE, quase 1,8 milhão são crianças.

A comissária explicou que enquanto os primeiros deslocados para a UE vindos da Ucrânia tinham familiares ou amigos, agora, a maioria das pessoas não têm contactos e “não sabem para onde ir”, embora muitos gostariam de ficar perto da Ucrânia.

O desafio é “convencê-los ou incentivá-los a irem para outros Estados-membros onde haja capacidade de acolhimento”, referiu.

Muitas das crianças chegam à UE com as mães ou um familiar, mas também há menores que chegam sozinhos, havendo provas de 2.300 crianças registadas nesta situação, embora a UNICEF estime que o número seja de 6.000 menores, acrescentou a comissária.

Para evitar que caiam nas redes de tráfico de seres humanos, a UE ativou uma rede específica e está a trabalhar para acelerar o lançamento da plataforma europeia de registo, assegurou Ylva Johansson.

Apesar de até agora existirem “muito poucas investigações formais” sobre casos de tráfico de pessoas, relatórios de agências das Nações Unidas alertam para a presença de redes criminosas que tentam capturar vítimas.

A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.179 civis, incluindo 104 crianças, e feriu 1.860, entre os quais 134 crianças, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.

A guerra provocou a fuga de mais de 10 milhões de pessoas, incluindo mais de 3,9 milhões de refugiados em países vizinhos e quase 6,5 milhões de deslocados internos.

A ONU estima que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.

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