Esta sexta-feira, a polícia do Kosovo entrou nas instalações municipais de Zvecan, Zubin Potok, e Leposavic – municípios kosovares onde vive a maioria dos sérvios instalados naquele país – alegadamente para ajudar os novos presidentes de câmara dos municípios do norte do Kosovo a aceder às instalações oficiais. Os novos presidentes foram escolhidos nas eleições realizadas há cerca de um mês – que os sérvios boicotaram e cuja participação foi de 3,47% do número total de eleitores registados.
A população sérvia revoltou-se com a iniciativa da polícia e foram ouvidos tiros em Zvecan e em Zubin Potok, tendo sido lançado gás lacrimogêneo em Leposavic. As autoridades do Kosovo culparam as “estruturas criminosas e ilegais” sérvias pelos distúrbios. “A violência não vai prevalecer. A Sérvia tem total responsabilidade pela escalada”, disse o gabinete da presidente do Kosovo, Vjose Osmani.
“Aqueles que são eleitos por votos também podem ser derrubados do poder por votos. Por via de regra, quase ninguém conta com o apoio de todos os cidadãos. Mas isso não significa que cidadãos insatisfeitos possam impedir que os eleitos assumam os seus cargos”, disse.
Mas, mal os primeiros recontros se deram, o presidente da Sérvia, Aleksandar Vucic, emitiu uma ordem para elevar a prontidão de combate das Forças Armadas da Sérvia ao mais alto nível. O exército sérvio recebeu ordens de “mover-se com urgência” em direção à fronteira com o Kosovo, disse o ministro da Defesa sérvio, Milos Vucevic, citado pela comunicação social local. Os acontecimentos no norte do Kosovo “não são um jogo: ameaçam a segurança de toda a região”, disse, para apelar a que os sérvios não caiam em provocações.
O embaixador dos Estados Unidos no Kosovo, Jeffrey Hovenier, já condenou a atuação das autoridades do Kosovo. “As medidas violentas de hoje devem ser interrompidas imediatamente”, escreveu no Twitter.
Mas, segundo a imprensa, não está claro que a polícia do Kosovo tenha agido ativamente contra os manifestantes sérvios ou se se limitou a reagir aos avanços desses manifestantes.
Para todos os efeitos, os países mais próximos da questão sérvia-kosovar, Estados Unidos, França, Itália, Alemanha e Reino Unido, manifestaram-se preocupados com as eleições autárquicas de 23 abril, tendo afirmado que não representam uma solução política estável a longo prazo para os municípios do norte.