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Kremlin garante que negociar solução para conflito na Ucrânia só se for sob condições russas

“A Rússia está pronta para uma solução negociada sob as suas condições”, afirmou Dmitri Peskov, durante a sua conferência de imprensa diária.
3 Agosto 2022, 13h28

A Presidência russa só negociará uma solução para o conflito na Ucrânia se for sob as suas condições, garantiu esta quarta-feira o porta-voz do Kremlin, reagindo às declarações do antigo chanceler alemão Gerhard Schröder de que Moscovo quer negociar.

“A Rússia está pronta para uma solução negociada sob as suas condições”, afirmou Dmitri Peskov, durante a sua conferência de imprensa diária.

O porta-voz do Kremlin respondia a uma pergunta sobre declarações recentes do antigo chanceler alemão Gerhard Schröder, figura classificada como próxima do Presidente russo, que afirmou, depois de uma visita a Moscovo, que a Rússia quer uma “solução negociada” para o conflito na Ucrânia.

“A boa notícia é que o Kremlin quer uma solução negociada”, disse Schröder, numa entrevista ao semanário Stern, na qual confirmou ter-se encontrado com o Presidente russo, Vladimir Putin, em Moscovo, na semana passada.

De acordo com Peskov, as condições de Moscovo para o fim da campanha militar no território ucraniano “são bem conhecidas”.

“Estas condições foram acordadas em Istambul pelos negociadores de ambas as partes”, disse o porta-voz do Kremlin, referindo-se à última reunião, que decorreu em março, entre representantes russos e ucranianos.

“Depois disso, o lado ucraniano já rejeitou o que foi acordado e abandonou as negociações”, acusou o representante.

Ainda questionado sobre se Schröder poderia servir de mediador entre a Rússia e a Ucrânia para novas negociações, Peskov assegurou que o político alemão não tinha manifestado tal desejo.

Schröder está a ser duramente criticado pela sua família política, o Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD), por causa dos seus laços, no passado e na atualidade, com Putin, que o antigo chanceler defende não ter motivos para quebrar.

Devido às pressões desencadeadas pela guerra na Ucrânia, Schröder anunciou no final de maio a sua demissão de um lugar no conselho de administração do consórcio russo Gazprom para o qual foi nomeado e onde deveria tomar posse em junho. Deixou também a presidência do conselho de administração da petrolífera russa Rosneft, cargo que ocupava desde 2017.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de quase 17 milhões de pessoas das suas casas — mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 10 milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a II Guerra Mundial (1939-1945).

A invasão russa — justificada por Putin com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que está a responder com o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções que atingem praticamente todos os setores, da banca à energia e ao desporto.

A ONU contabiliza mais de 5.300 mortos civis, sublinhando que os números reais deverão ser muito superiores, mas que só serão conhecidos quando houver acesso a zonas ocupadas ou sob intensos combates.

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