A economia do bloco euro enfrentará um ano de 2023 difícil, mas bastante menos complicado do que se chegou a temer, projeta a presidente do Banco Central Europeu (BCE), mostrando confiança que a recessão esperada para o início deste ano seja mesmo evitada.
No Fórum Económico Mundial, em Davos, Christine Lagarde aproveitou para frisar os vários aspetos em que a economia da moeda única surpreendeu pela positiva, reforçando igualmente o compromisso do banco central com o controlo da inflação.
Reconhecendo que a pressão nos preços continua demasiado elevada, Lagarde garantiu que o BCE “está determinado em trazê-la de volta aos 2%” em breve, antevendo, portanto, mais subidas de juros.
Ainda assim, o mercado laboral é um garante de segurança, especialmente estando “mais vibrante do que nunca”, referiu. O desemprego em mínimos recorde protege a economia real e permite projetar um “2023 menos mau do que chegamos a temer”, podendo a zona euro evitar mesmo a recessão dada como quase garantida há três meses. Outro fator de relevo prende-se com as expectativas de médio e longo-prazo que, garante, “não estão desancoradas” dos 2%, o objetivo da política monetária europeia.
“Este ano pode não ser brilhante, mas será melhor do que chegamos a temer”, afirmou Lagarde, apontando ao crescimento baixo, mas positivo, esperado, de 0,5%.
A presidente do BCE participou numa discussão inserida no Fórum Económico Mundial sobre o tema ‘Encontrar o novo crescimento da Europa’, onde debateu com Valdis Dombrovskis, comissário para a Economia, Mark Rutte, primeiro-ministro neerlandês, Andrej Plenkovic, primeiro-ministro croata, e Christian Sewing, diretor executivo do Deutsche Bank.
Ainda sobre a performance europeia acima do esperado, Valdis Dombrovskis elogiou a resistência do tecido produtivo face às dificuldades, sobretudo no plano energético, mas projetou já novas preocupações para 2024.
“Este ano ainda temos muito gás russo armazenado, dos stocks já feitos no início de 2022, mas este não será o caso no próximo inverno”, alertou o comissário lituano, pedindo um esforço para que se verifique “um aumento substancial de outros fornecedores” de energia.
Um instrumento altamente relevante nesta diversificação de fontes energéticas, tal como na transformação da economia europeia em geral e no impulso para o crescimento nos próximos anos, será o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). Reconhecendo alguma falta de fulgor até agora, Dombrovskis projeta um ano de execução forte e pagamentos substanciais aos Estados-membros, esperando, em consequência, impactos substanciais nos crescimentos destes países.