Os juros na zona euro terão de continuar a subir para fazer face aos atuais riscos e desafios que se colocam à sua economia, como a inflação elevada e o novo capítulo no processo de globalização, defende Christine Lagarde.
A presidente do Banco Central Europeu (BCE) frisou esta segunda-feira a necessidade de se manter o ciclo de aperto das condições financeiras iniciado no ano passado no bloco da moeda única, repetindo algumas das mensagens que tem procurado transmitir após as reuniões da autoridade monetária.
Lagarde continua a considerar a inflação “demasiado elevada”, especialmente o indicador subjacente, que descarta as categorias mais voláteis, ou seja, energia e bens alimentares. Recorde-se que este subindicador não desce há seis meses, tendo chegado a 5,2% em dezembro, um recorde absoluto desde a entrada em vigor do euro.
O trajeto de subida de juros foi sublinhado e a estratégia é para continuar, com “os juros a terem de subir bastante e a um ritmo sustentado para chegar a níveis suficientemente restritivos”, reforçou, repetindo as palavras de anteriores conferências de imprensa no final de 2022.
A economia europeia enfrenta desafios que agravam esta dinâmica, admite Lagarde, que ainda assim quer ver uma Europa “como líder, e não apenas como uma seguidora”. Em particular, a tendência de desglobalização, protecionismo e nearshoring são ameaças a uma economia global próspera, o que impacta, claro, a moeda única.
Assim, a presidente do BCE quer ver “a Europa desenvolver mais as suas próprias fontes de crescimento”, o que “representa uma oportunidade” de afirmação no médio-prazo.