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LATAM reforça concorrência à TAP para a América do Sul

A partir desta terça-feira, a LATAM disponibiliza um Airbus A350 na ligação diária entre Lisboa e São Paulo, aumentando em 35% o anterior ‘load factor’.
4 Fevereiro 2020, 20h11

O grupo de aviação LATAM, resultante da fusão em 2012 entre a chilena LAN – Líneas Aereas Nacionales e a brasileira TAM – Transportes Aéreos Meridionais reforçou esta terça-feira, dia 4 de fevereiro, a sua concorrência à operação da TAP para o Brasil e para outros destinos da América do Sul, ao inaugurar a ligação regular entre São Paulo e o aeroporto de Lisboa, com um Airbus A350, com uma frequência diária, sete dias por semana.

“Somos a primeira companhia aérea a operar, de forma regular, o ano todo, no aeroporto de Lisboa, com um A350. Existe uma outra companhia a operar com um A350, mas apenas no inverno, em regime de ‘charter'”, destacou hoje Cinthia Louza, ‘sales manager’ da LATAM para Espanha e Portugal, num encontro com jornalistas.

Mesmo assim, devido à impossibilidade de cedência de ‘slots’ por parte da ANA, ainda haverá duas semanas em que a LATAM será obrigada a recorrer ao ‘antigo’ Boeing 767 que antes fazia esta rota.

“A mudança para o A350 significa que passamos a ter mais 35% de ‘load factor’ [capacidade de transporte de passageiros], enquanto que na carga aérea, a diferença é para o dobro das cargas”, destaca Cinthia Louza, explicando que o Boeing 767 tem uma capacidade para 235 lugares sentados, enquanto que o A350 dispõe de 35 lugares, além de proporcionar poupanças de combustível na ordem do e até 25%.

E este é um fator fundamental numa rota que Cinthia Louza diz ser a a mais lucrativa, a mais rentável da LATAM na Europa.

“Esta é uma rota em que temos tido sempre um fator de ocupação acima dos 85%, com uma rentabilidade superior. O nosso grande desafio vai ser lutar também para manter alta a taxa de ocupação na classe executiva, onde queremos manter a atual taxa de 30% de toda a ocupação, sem ‘upgrades’ ou leilões de última hora”, adianta a responsável da LATAM.

Cinthia Louza revelou ainda que na ‘lista de desejos’ para novas rotas da LATAM entre Portugal e o Brasil figuram as pretensões de abrir uma rota para o Nordeste brasileiro, outra entre Lisboa e o Rio de Janeiro, “que é um destino também muito corporativo”, e mais uma entre o Porto e São Paulo, “para atrair passageiros da parte norte de Portugal e da parte norte de Espanha, onde há muitas empresas.

Mas, nenhum dos responsáveis máximos da LATAM concordou ainda com qualquer desta hipótese, podendo haver novidades sobres esta matéria em abril, quando a administração da LATAM costuma anunciar novas rotas aéreas.

Quanto à ligação com o Nordeste brasileiro, por exemplo, com Salvador da Bahia, Cinthia Louza admite que ela poderá de ter de ser feita via Espanha. Aliás, a LATAM já opera neste momento as rotas Madrid – São Paulo, Madrid – Lima, Madrid – Santiago do Chile e Barcelona – Lima e Barcelona – São Paulo.

Outra possibilidade é reforçar a frequência da rota Lisboa – São Paulo. “Um segundo voo diário Lisboa – São Paulo precisa de outro avião, de outro A350, porque temos de oferecer um produto consistente”, assinala Cinthia Louza, garantindo que a LATAM aguarda a entrega de um nono avião A350 da encomenda efetuada à Airbus, estando previsto um total de 12 aparelhos deste modelo para a companhia aérea sul-americana até 2021.

A rota Lisboa – São Paulo foi iniciada a 7 de setembro, tendo iniciado com cinco frequência semanais e depois passado para sete. No último ano, registou um total de 14.807 passageiros, resultando numa receita de 7,5 milhões de euros para a LATAM.

Segundo Cinthia Louza, 93% dos bilhetes desta rota são vendidos aos passageiros brasileiros e 7% a passageiros europeus. Os consumidores que vêm de São Paulo dividem-se em partes quase iguais entre os que ficam em Portugal e os que seguem para outros destinos da Europa. Quanto aos passageiros que aterram nesta rota em São Paulo, cerca de 48% ficam em São Paulo, cerca de 42% deslocam-se para o resto do Brasil e os restantes cerca de 9% dirigem-se para outros destinos da América do Sul.

Quanto ao relacionamento entre a LATAM e a TAP, Cinthia Louza recordou que era “excelente até à fusão, mas depois piorou muito”, ao ponto de ter sido quebrado o acordo de ‘code share’ entre as duas companhias e de não haver troca sequer de bilhetes entre os funcionários das duas companhias.

“É um problema entre as duas casas-mãe”, sintetizou Cinthia Louza, referindo-se à antiga LAM e à Azul, detida pelo empresário David Neeleman, principal acionista da TAP.

Recorde-se que já no último trimestre do ano passado, a Delta Airlines (que também voa diretamente para Portugal) anunciou a aquisição de 20% do capital do Grupo LATAM.

Os Estados Unidos e o Brasil/América do Sul são os principais mercados estratégicos de crescimento da atual administração da TAP.

A LATAM anunciou a saída da aliança de companhias aéreas One World, tendo recentemente antecipado essa decisão para 1 de maio próximo. No entanto, isso não quer dizer que a LATAM vá agora ingressar noutra aliança, como a Sky Team, ou a Star Alliance, que faz parte a TAP.

“Não vamos entrar em nenhuma aliança. Vamos conservar o relacionamento bilateral com as companhias aéreas da One World. Vamos fazer acordos bilaterais e podemos ter parcerias com companhias da Sky Team ou da Star Alliance”, garantiu Cinthia Louza.

Esta é uma nova tendência do setor da aviação a nível global, copiando o exemplo das grandes companhias árabes.

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