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Le Pen só vencerá se houver afluência às urnas “nunca vista na história”

Líder da Frente Nacional vencerá à direita mas dificilmente ganhará as eleições. Previsão é da Goldman Sachs.
7 Fevereiro 2017, 18h44

As probabilidades de ver a líder da extrema-direita na segunda volta são altas, no entanto, assistir ao discurso de vitória de Marina Le Pen é uma probabilidade menor, considera a Goldman Sachs, cita a Bloomberg.

A Goldman Sachs prevê que, para que eleição de Le Pen como presidente se concretize, teria que se registar uma taxa de participação eleitoral com níveis “nunca vistos na história para qualquer eleição”, abaixo de 40%, e assumindo uma base eleitoral estável para a Frente Nacional, explicou o economista do grupo financeiro Alain Durre, citado pela Bloomberg. 

Por outro lado, Le Pen também poderia vir a ser eleita se a base eleitoral da Frente Nacional triplicasse face às últimas eleições regionais de dezembro de 2015. Alain Durre salientou que “ambos os cenários parecem muito improváveis”.

A Bloomberg cita a última sondagem de 4 de fevereiro da BVA, em que o cenário se mostra bastante favorável para Marine Le Pen com 25% dos votos, enquanto Emmanuel Macron têm 21-22% e Francois Fillon, 18-20%.  

‘Jogo’ adivinha-se tenso

Os dados em França estão oficialmente lançados e o objetivo é a vitória a 23 abril, mas o jogo adivinha-se tenso. As eleições francesas representam uma prova de fogo para a política europeia e os resultados são avaliados como um espelho do futuro caminho europeu.

A eleição de uma líder populista como Marine Le Pen para o coração da Europa, após o referendo que ditou o abandono do Reino Unido da União Europeia e a eleição de Donald Trump, deixaria as instituições europeias numa posição frágil.

“Clivagens serão inultrapassáveis”

No sistema político francês, caso nenhum candidato tenha maioria absoluta na primeira volta, os dois candidatos mais votados enfrentam-se numa segunda volta, a 7 de maio. E é aqui que Marine Le Pen pode enfrentar um desafio maior. A base de apoio da Frente Nacional pode conseguir elegê-la para uma segunda volta, contudo, existem dúvidas que consiga direcionar os votos dos eleitores do candidato que ficar excluído na primeira volta, para eleição na segunda volta, na Frente Nacional.

Até ao fim da última semana, François Fillon, do partido de centro-direita, era um forte candidato à presidência, no entanto, a investigação em que se viu envolvido sobre os alegados “trabalhos falsos” da esposa Penélope, tiveram um forte impacto na sua popularidade. Embora tenha anunciado que não irá abandonar a corrida, se o fizer o Les Republicans terá que escolher um novo candidato. Nas primárias do partido, o segundo mais votado foi Alain Juppe e o terceiro Sarkozy.

No entanto, quem saiu a ganhar com o declínio da popularidade de Fillon foi o independente Emmanuel Macron.  O ex-ministro da Economia do governo socialista, posicionado agora ao centro, e que criou o próprio movimento “En-Marche!”, reuniu mais de 16 mil pessoas no comício do candidato em Lyon.

“Não vos digo que a esquerda e a direita não significam mais nada, que já não existem, que são a mesma coisa. Mas estas clivagens nos momentos históricos serão inultrapassáveis”, afirmou o candidato num discurso muito aplaudido, citado pela Lusa.

Le Pen não saiu especialmente beneficiado do caso Fillon, mas já inaugurou oficialmente a campanha no último dia 6. Apresentou as 144 promessas em Lyon, entre estas algumas já conhecidas como o retorno da moeda nacional e das fronteiras, o abandono da UE, taxar as importações em 3% ou criar um imposto aos cidadãos estrangeiros que trabalham em França. Pátria, Protecionismo e Povo foram as palavras de ordem.

“A globalização, de um lado, e a falta de reação, por outro, levam-nos a ter uma imigração descontrolada e, daí, ao islamismo em casa”, salientou.

Assim, adivinha-se uma longa campanha, até aos resultados finais.

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