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Lesados de bancos rurais na China recebem parte do dinheiro após protestos

Os bancos rurais da China estão a ser duramente atingidos pelas políticas do Governo central para conter a bolha imobiliária e o endividamento na segunda maior economia do mundo.
12 Julho 2022, 13h02

Os depositantes impedidos de retirar dinheiro de bancos rurais na China desde abril vão poder recuperar parte dos fundos, anunciaram hoje os reguladores, após protestos que terminaram em confrontos entre lesados e a polícia.

Os bancos rurais da China estão a ser duramente atingidos pelas políticas do Governo central para conter a bolha imobiliária e o endividamento na segunda maior economia do mundo.

Abalados pela desaceleração económica, quatro bancos na província central de Henan suspenderam todos os levantamentos e transferências, desde meados de abril. De acordo com cálculos da imprensa local, até 400.000 clientes, com um total de 40.000 milhões de yuans (5.870 milhões de euros) depositados naqueles bancos, foram afetados.

A decisão dos bancos deu origem a manifestações esporádicas.

No domingo, centenas de pessoas ergueram faixas e gritaram palavras de ordem nos degraus da entrada da agência do Banco Popular da China (banco central), na cidade de Zhengzhou, a capital da província central de Henan, que fica a cerca de 620 quilómetros a sudoeste de Pequim.

Um vídeo difundido nas redes sociais mostra agentes de seguranças à paisana em confrontos com a multidão. Outros vídeos mostram manifestantes a serem empurrados nas escadas por seguranças vestidos com camisas brancas ou pretas lisas.

Os manifestantes acusaram as autoridades locais de inação e conluio com esses bancos. Algumas pessoas dizem que foram submetidas à violência por indivíduos não identificados e outras foram presas pela polícia.

Alguns depositantes vão poder recuperar o seu dinheiro, no entanto, disse hoje a Autoridade Reguladora de Bancos e Seguros da Província de Henan.

Os clientes cujos depósitos sejam inferiores a 50.000 yuan (7.400 euros) vão ser reembolsados a partir de sexta-feira, disse o regulador, sublinhando que os termos de reembolso para outros aforradores vão ser anunciados posteriormente.

“Fundos relacionados a [atividades] ilegais ou criminosas não vão ser reembolsados por agora”, acrescentou o comunicado.

No domingo, a polícia anunciou a prisão de membros de uma organização criminosa, que acusam de controlar vários bancos locais, desde 2011, e de realizar transferências ilegais por meio de empréstimos fictícios.

As manifestações na China são raras.

Alguns chineses, no entanto, não hesitam em sair às ruas, apesar do risco de prisão. A polícia geralmente é mais tolerante com protestos de natureza financeira do que de cariz político.

No mês passado, as autoridades de Henan foram acusadas de uso indevido da aplicação de rastreamento e armazenagem dos resultados dos testes para a covid-19, imprescindíveis para viajar e aceder a locais públicos na China, para impedir protestos pelos depositantes.

O código QR de pessoas que tentaram deslocar-se até Henan, após os bancos locais terem suspendido transferências e levantamentos, ficou subitamente vermelho, o que impede viagens para outros territórios ou acesso a locais públicos, ao chegar a Henan ou mesmo antes de começarem a viagem.

De acordo com os regulamentos daquela província, apenas podem ser atribuídos códigos vermelhos a pessoas que sejam casos confirmados de covid-19, contactos diretos de casos positivos ou que cheguem do estrangeiro ou de zonas do país consideradas de risco.

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