A produção de petróleo na Líbia atingiu 1,2 milhões de barris por dia, a média diária que era conhecida antes do bloqueio que durou desde meados de abril a meados de julho, paralisando a economia do país. A informação foi avançada pelo ministro do Petróleo e Gás, Mohamed Aoun. “Temos o prazer de anunciar que as nossas taxas de produção atingiram os níveis de 1,2 milhões de barris por dia”, anunciou em nota à imprensa a Companhia Nacional de Petróleo (NOC), a única autorizada a comercializar petróleo.
Dotada das reservas mais abundantes da África, a Líbia está mergulhada numa profunda crise política, com divisões entre o leste e o oeste, a Cirenaica e a Tripolitânia, respetivamente. Dois governos co-existem desde março sem se entenderem: um baseado em Trípoli, liderado por Abdelhamid Dbeibah desde 2021, e outro liderado por Fathi Bachagha, apoiado pelo marechal rebelde Khalifa Haftar.
Em meados de abril, seis grandes campos e terminais petrolíferos foram fechados por grupos próximos do governo instalado na Cirenaica, exigindo do poder de Trípoli uma “distribuição justa” das receitas do petróleo. A produção de petróleo, principal fonte de receita do país, caiu na altura para 400 mil barris por dia.
Em meados de julho, os grupos responsáveis pelo bloqueio finalmente anunciaram o levantamento do embargo à produção e exportação, após um acordo circunstancial entre a Dbeibah e Haftar.
Segundo fontes diplomáticas ocidentais, este último prevê, em contrapartida da reabertura das instalações, que Dbeibah lhe pague uma parte das receitas petrolíferas para as despesas das regiões sob o seu controlo. O acordo, nunca confirmado oficialmente, tinha como pré-requisito a demissão do chefe do NOC, Mustafa Sanalla, um tecnocrata respeitado pela comunidade internacional, e a sua substituição pelo ex-banqueiro Farhat Bengdara, conhecido por ser próximo dos Estados Árabes Unidos, que apoia o governo da Cirenaica.
Como parece evidente para todos, a divisão do país é cada vez mais efetiva e o (desconhecido) acordo não beneficiará em nada a perspetiva das Nações Unidas: o entendimento entre a Tripolitânia e a Cirenaica e a realização de eleições, tanto presidenciais, como para um parlamento.