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Libra dispara depois de Banco de Inglaterra sinalizar subidas de juros mais rápidas

O banco central deu esta quinta-feira um tom mais ‘hawkish’ à política monetária britânica, sinalizando que poderá subir mais que o esperado as taxas de juro. A reação foi a valorização da libra esterlina face ao euro e dólar.
  • Alessia Pierdomenico/Reuters
8 Fevereiro 2018, 16h19

“A principal mensagem do relatório de inflação [publicado esta quinta-feira pelo Banco de Inglaterra, BoE] é que o BoE está a considerar atuar para subir os juros mais cedo que o esperado e a um ritmo mais rápido”, explicou o economista do Commerzbank, Peter Dixon. A interpretação foi generalizada, levando a um disparo do valor da libra esterlina face ao euro e ao dólar.

O BoE manteve as taxas de juro no Reino Unido inalteradas, em 0,5%, e o programa de estímulos, ao ritmo atual de 445.000 milhões de libras (502.850 milhões de euros) investidos na compra de títulos de dívida pública e privada.

A instituição liderada por Mark Carney referiu esperar que a inflação se mantenha no nível atual de 3% a curto prazo, devido ao efeito do aumento dos preços das importações causado pela debilidade da libra. O valor fica acima da meta de 2% de inflação e o banco central sublinhou estar pronto, dependendo da evolução da economia, para aumentar as taxas de juro para controlar a subida dos preços.

“O tom da mensagem de política monetária é um pouco mais agressivo”, sublinhou Dixon. “Um dos elementos-chave da apresentação das previsões foi seriedade com que o BoE encarou a questão das restrições de capacidade”, acrescentou sobre os limites de oferta e crescimento causados pelo processo do Brexit.

A reação à mudança de tom do BoE foi a apreciação da libra, em 0,94% para 1,4014 dólares e 1,04% em 1,143 euros, invertendo a tendência de depreciação dos quatro últimos dias. As yields das obrigações do Reino Unido a 2 e 10 anos subiram cinco pontos base para 0,68% e 1,60%, respetivamente.

O mercado está a agora a atribuir 77% de probabilidade de uma subida das taxas de juro em maio, face aos 53% antes do anúncio, de acordo com dados da agência Bloomberg.

“Apesar de o BoE estar a deixar pistas fortes de que as taxas de juro podem subir mais cedo que os mercados esperavam, são necessários mais evidências de que a atividade está a aguentar antes de nos convencermos que a subida de maio é provável”, disse, no entanto, o economista do Commerzbank.

“A fraqueza imprevista dos dados de PMI de janeiro, por exemplo, atua como um lembrete de que o Reino Unido ainda enfrenta ventos contrários consideráveis. Nem todos os membros do Comité de Política Monetária estão convencidos de que é necessária uma ação precoce. Ainda há muito para jogar”, acrescentou.

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