Liderar é, talvez, o maior desafio da gestão moderna de equipas. Comunicar, influenciar e inspirar equipas que se encontram dispersas no espaço, e por vezes também no tempo, veio acrescentar uma camada-extra de complexidade que exige do líder a capacidade de gerar um espírito de coesão e partilha alicerçado na verdadeira motivação.

As novas reconfigurações na forma de trabalhar, potencializadas pelas tecnologias digitais e aceleradas em contexto de pandemia, vieram também convocar novas exigências e competências ao papel da liderança, que tem igualmente de ser capaz de potencializar a coexistência na organização de várias gerações de colaboradores.

Liderar equipas com um propósito é a capacidade de inspirar os seus membros com uma visão credível do futuro, à qual todos(as) adiram e acreditem, e em prol da qual trabalham em conjunto.

O propósito é a crença que o trabalho constitui uma oportunidade para “fazer a diferença”, quer dentro da própria organização, quer na sociedade, tal como argumentam John Izzo e Jeff Vanderwielen no livro “The purpose revolution: How leaders create engagement and competitive advantage in a age of social good” (Berrett-Koehler Publishers, 2018).

Quando se alinha, de forma integrada e sinérgica, o propósito aos valores, cultura e objetivos da organização, podemos ambicionar ter equipas motivadas e de elevado desempenho, empresas ágeis para enfrentar a ambiguidade e incerteza do contexto externo, uma cultura de cooperação e confiança.

A liderança, enquanto processo de influência e de reconhecimento, implica a aceitação voluntária de seguir alguém. Existem imensas formas em que essa ligação é estabelecida, e, com raras exceções, tal não ocorre com base na capacidade técnica do/a líder, mas na conexão emocional criada com os elementos da equipa.

Tal acontece porque reconhecemos que não é acerca dessa pessoa triunfar, mas de algo maior que ele/a; porque é assumida uma postura de verdade e consistência, que nos leva a pensar que essa pessoa é sólida e previsível nas suas posições; porque os valores que são pretendidos de nós são também aqueles que nela/e visualizamos no dia a dia; ou que a empatia que nos é transmitida nos faz sentir num espaço seguro.

A par das competências emocionais, liderar exige também uma sólida formação técnica, para que o líder seja capaz de “ler”, “compreender” e “responder” às necessidades da equipa.

Saber gerir equipas, com profissionalismo e empatia, convoca múltiplas competências, onde se inclui ser capaz de construir relações de confiança, autenticidade e de forte cooperação (mesmo se em contexto virtual); transmitir a visão de futuro e envolver toda a equipa; conhecer e respeitar a individualidade de cada membro e acreditar no potencial do grupo; saber motivar, comunicar e dar feedback; ser ágil e capaz de responder às oportunidades e aos desafios, tornando os objetivos sempre comuns.

Uma liderança com propósito serve a equipa, a organização e a sociedade, é capaz de as transformar, energizar e potenciar, é ser coach e driver de desempenhos excecionais e mudanças impactantes, e assim obter reconhecimento e resultados com base em verdadeira motivação e na agregação de valor.

Este artigo é redigido em coautoria com Helena Jerónimo e Sérgio Sousa, cocoordenadores da Pós-Graduação em Liderança e Gestão de Equipas do ISEG Executive Education.