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Liga de Salvini tomba nas sondagens após queda do governo italiano

Partido do antigo ministro do Interior está a sofrer com o protagonismo na crise política italiana. Salvini mantém-se à frente nas intenções de voto, mas o Partido Democrático e o Movimento 5 Estrelas estão a ganhar terreno para eleições que poderão não se realizar se chegar entretanto a um acordo.
  • matteo_salvini
    Ettore Ferrari/EPA via Lusa
26 Agosto 2019, 07h30

O primeiro impacto da queda do governo de coligação do Movimento 5 Estrelas e da Liga Itália, presidido pelo independente Giuseppe Conte, foi negativo para o partido populista liderado pelo até agora vice-primeiro-ministro e ministro do Interior Matteo Salvini. Uma sondagem conduzida pela Tecnè na quarta-feira, 21 de agosto, horas depois de Conte entregar a demissão ao presidente Sergio Mattarella, revelou uma queda de sete pontos percentuais nas intenções de voto da Liga, que continuaria a ser a força mais votada, com 31%, e um reforço do outrora hegemónico Partido Democrático (que subiria três pontos, para 25%) e do Movimento 5 Estrelas (também com mais três pontos, passaria para 21%).

Já durante este fim-de-semana foi divulgado outra sondagem, realizada pela Winpoll entre quarta e sexta-feira, em que a Liga caiu cinco pontos percentuais, para 34%. Mais uma vez saem a ganhar o Partido Democrático (24%, mais um ponto percentual) e o Movimento 5 Estrelas (17%, mais dois pontos percentuais). No lado da direita só houve boas notícias para os Irmãos de Itália, agora com 8%.

Numa altura em que ainda não é certo se Mattarella irá convocar eleições antecipadas, pois o presidente italiano agendou uma nova ronda de consultas com os partidos políticos para terça-feira, parece claro que a forma abrupta como Salvini terminou os 14 meses de governo de coligação de partidos populistas dos dois lados do espetro político está a correr bem pior do que o líder da Liga Itália anteciparia.

Certo de que conseguiria formar uma maioria de direita com a Força Itália de Silvio Berlusconi e os Irmãos de Itália, liderados por Giorgia Meloni, o ministro do Interior viu no resultado que obteve nas europeias de maio – vencidas pela Liga, com 34,2%, deixando a larga distância o centro-esquerda do Partido Democrático (22,7%) e os enfraquecidos parceiros do Movimento 5 Estrelas (17,0%) – a oportunidade para conquistar o poder nas urnas.

Certo é que outra sondagem, com entrevistas realizadas pela GPF no dia da queda do governo italiano e no dia seguinte, também evidenciou uma queda da Liga, que ficou com 31% (perdendo um ponto em pouco mais de uma semana), enquanto o Partido Democrático subiu um ponto, para 24%, suplantando o Movimento 5 Estrelas, que tem 23%.

A sondagem da Winpoll também deixou claro que muitos italianos preferem a realização de eleições antecipadas. É essa a solução preconizada por 41% dos inquiridos (e de praticamente todos os que irão votar no partido de Salvini), enquanto 34% advogam um governo de coligação entre o Movimento 5 Estrelas e o Partido Democrático e 8% preferem a reconciliação entre a Liga e o Movimento 5 Estrelas.

Sendo complicado o entendimento entre o Partido Democrático e o Movimento 5 Estrelas, acaba por ser também incerta a possibilidade de a aritmética resultante das eventuais eleições antecipadas permitir um governo formado pela Liga, Força Itália e Irmãos de Itália, semelhante à coligação que na última década do século passado governou a Itália após a implosão da Democracia-Cristã e do PSI, mas com a diferença de que a Força Itália do magnata Silvio Berlusconi era hegemónica face à Liga Norte de Umberto Bossi e à Aliança Nacional de Gianfranco Fini, expoentes da afirmação regionalista e do “pós-fascismo”.

As eleições italianas de 2018 resultaram numa vitória do Movimento 5 Estrelas, com 227 lugares na câmara baixa do Parlamento (num total de 630, pelo que chegaria à maioria com os 111 eleitos do Partido Democrático) e 112 senadores num total de 315, podendo obter também maioria com os 53 eleitos do Partido Democrático.

 

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