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Liscont prossegue trabalho no porto de Lisboa apesar de greve de estivadores se manter desde 19 de fevereiro

Diogo Marecos reconhece, em declarações ao Jornal Económico, que a atividade da empresa foi afetada pela greve e pela fuga de armadores internacionais do porto de Lisboa, uma situação que o Grupo Yilport está tentar ultrapassar.
  • Rafael Marchante/Reuters
26 Outubro 2020, 08h00

A concessionária Liscont, pertencente ao grupo turco Yilport, continua a trabalhar, apesar de se manter no porto de Lisboa a greve decretada pelo SEAL – Sindicato dos Estivadores e Atividade Logística desde 19 de fevereiro, apenas interrompida em abril pelo decreto presidencial que impôs o Estado de Emergência devido à pandemia de Covid-19.

“A greve do Sindicato dos Estivadores iniciou-se a 19 de fevereiro deste ano e apenas foi suspensa em abril, quando o Presidente da República assinou um decreto a suspender o direito à greve devido à pandemia. Antes e depois, tem havido greve no porto de Lisboa todos os dias, mas temos continuado a trabalhar, porque a anterior empresa de trabalho portuário teve a falência declarada em abril”, é o resumo da situação feito ao Jornal Económico pelo administrador da Liscont, Diogo Marecos.

Segundo este responsável, “nós, Liscont, anunciámos que íamos contratar através de uma outra empresa de trabalho portuário, a Porlis, que tínhamos desde 2014, dando preferência aos trabalhadores da AETP-L, garantindo as mesmas condições dos anteriores contratos e os mesmos salários”.

“Mas nenhum desses trabalhadores se apresentou, pelo que contratámos 44 trabalhadores de outras origens para a Porlis. A AETP-L tinha 142 trabalhadores. O que se passa é que mantém a greve total em curso, mas estamos a conseguir trabalhar com estes trabalhadores da Porlis. Estamos a conseguir trabalhar desde o início desta greve”, assegura.

Para Diogo Marecos, “na prática, conseguimos o primeiro de dois desafios, que foi ultrapassar as necessidades de mão de obra, apesar de o Sindicato dos Estivadores não ter respeitado várias vezes os serviços mínimos, a requisição civil ou as regras do Estado de Emergência”.

“E foi isso que provocou mais fuga de armadores e de linhas internacionais do porto de Lisboa nos últimos meses. E isso leva-nos ao segundo desafio, que é tentar recuperar essas escalas, essas linhas de armadores internacionais, para voltar aos níveis de carga anteriormente movimentados. Claro que a movimentação de cargas no porto de Lisboa tem sido afetada com esta greve, mas não lhe sei dizer qual é a dimensão da quebra. As concessionárias de terminais que trabalham mais a nível nacional, como a ETE ou a TMB, já estão com um funcionamento praticamente normal, mas a Liscont e a Sotagus, que têm uma maior vertente internacional, ainda estão mais afetadas. Também as empresas de carga geral forma menos afetadas que as empresas que trabalham mais com carga contentorizada no porto de Lisboa, como é o caso da Liscont”, revela Diogo Marecos.

De acordo com os últimos dados disponibilizados pela AMT – Autoridade da Mobilidade e dos Transportes, no período compreendido entre janeiro e agosto deste ano, os portos do Continente movimentaram 53,7 milhões de toneladas de mercadorias, o que representou uma quebra de 8,8% face ao período homólogo de 2019.

Neste aspeto, o porto de Lisboa encontra-se em linha, uma vez que nos mesmos oito meses deste ano protagonizou uma redução de 8,7%, equivalente a menos 1,72 milhões de toneladas movimentadas.

Mas, na carga contentorizada, a realidade é completamente diferente, com os portos de Sines, Setúbal e Leixões a crescer, apesar da pandemia, enquanto o porto de Lisboa continua em queda livre, com uma retração de 39,9 face ao homólogo, menos 125 mil TEU (medida padrão equivalente a contentores com 20 pés de comprimento) e uma redução de 944,4 mil toneladas movimentadas nesse segmento de carga face ao período homólogo do ano passado.

Conforme resume a AMT, “com exceção de Lisboa, mas cujas causas não são alheias ao clima de instabilidade laboral que continua a viver- se, aparentemente o mercado de carga contentorizada já se encontra numa fase de recuperação do abrandamento induzido pela pandemia de Covid-19”.

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