Provavelmente, todos – ou, pelos menos aqueles de entre nós que têm uma maioria de costelas urbana – temos uma cidade de eleição, uma cidade onde regressamos com prazer, ou onde viveríamos se possível, se é que não o fazemos já.

De um modo geral, quando alguém nos pergunta onde gostaríamos de viver – e vamos assumir que todo o nosso esqueleto tem forte propensão urbana – começamos logo a pensar em países estrangeiros; Nova Iorque para uns (muitos), Paris ou Londres para outros; etc…

Nos anos mais recentes, descobrimos que também aos estrangeiros ocorre o mesmo e as cidades portuguesas são objeto dos seus sonhos. O holandês Harrie Lemmens apaixonou-se por Lisboa muito antes desta se tornar num destino da moda. Depois de conhecer a fotógrafa Ana Carvalho em Berlim Oriental, mudaram-se para a capital portuguesa em 1985, onde moraram até 1988. Regressam com frequência, quer em trabalho, quer pelas saudades.

Lemmens, que traduziu para neerlandês alguns dos maiores nomes da literatura de língua portuguesa (Pessoa, Saramago, Eça, Lobo Antunes, Gonçalo M. Tavares, Dulce Maria Cardoso, Mia Couto ou Agualusa, entre outros), é um profundo e apaixonado conhecedor de Lisboa. Um holandês flâneur, passeando pela cidade, descrevendo o seu amor por ela em cartas que nós, lisboetas, sabemos não serem ridículas (ainda que por vezes o esqueçamos).

Editado pela Contraponto, “Luz de Lisboa – A cidade aos olhos de um holandês”, com fotografias de Ana Carvalho, está repleto de pequenas histórias da História de Lisboa, cidade banhada por uma luz tão inacreditável e indescritível que só um belo livro como este a pode tornar real.

Eis a sugestão de leitura desta semana da livraria Palavra de Viajante.