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Lixo de plástico pode aumentar com fim de importações para reciclagem na China, diz estudo

Cientistas alertaram hoje que milhões de toneladas de resíduos de plástico produzidos pelos países mais ricos podem ir parar a aterros ou à natureza, depois de a China ter proibido a sua importação para tratamento e reciclagem.
20 Junho 2018, 20h13

Cientistas alertaram hoje que milhões de toneladas de resíduos de plástico produzidos pelos países mais ricos podem ir parar a aterros ou à natureza, depois de a China ter proibido a sua importação para tratamento e reciclagem.

“Cerca de 111 milhões de toneladas de resíduos de plástico vão ser abandonados por causa da proibição de importação até 2030, por isso, teremos de desenvolver programas de reciclagem nacionais e repensar a utilização e design de produtos de plástico, se queremos lidar com esta responsabilidade” de tratar o lixo, referem investigadores da Universidade de Georgia, nos Estados Unidos.

No estudo divulgado hoje na publicação Science Advances, os investigadores calcularam o potencial impacto global da legislação chinesa a proibir as importações de resíduos de plástico, a partir de janeiro de 2018, e a forma como pode afetar os esforços mundiais de redução da quantidade deste material nos aterros e no ambiente.

Mais de metade dos resíduos de plástico destinados a reciclagem são exportados pelos países mais ricos para outros Estados, com a China a ficar com a maior parte, mas este país aprovou uma lei que proíbe a importação de resíduos de plástico não-industriais.

“Sabemos de estudos anteriores que somente 9% de todo o plástico produzido foi reciclado, e a maior parte acaba em aterros ou na natureza”, refere Jenna Jambeck, co-autora do trabalho.

As importações e exportações globais anuais de resíduos de plástico dispararam em 1993, crescendo 800% até 2016.

Desde que o estudo começou, em 1992, a China recebeu cerca de 106 milhões de toneladas de resíduos de plástico, o que representa cerca de metade das importações mundiais.

Os países com elevados rendimentos na Europa, Ásia e América são responsáveis por mais de 85% das exportações totais de lixo de plástico, e a União Europeia, no seu conjunto, é o maior exportador.

“É difícil prever o que irá acontecer aos resíduos de plástico que iam para as unidades de processamento chinesas”, aponta Jenna Jambeck, acrescentando que alguns podem ser deslocados para outros países, mas “a muitos deles falta-lhes a infraestrutura para gerir o seu próprio lixo”.

“Os resíduos de plástico eram um negócio rentável para a China que podia usar ou vender o plástico reciclado”, mas muito do plástico recebido nos últimos anos tinha pouca qualidade e tornou-se difícil obter lucros, explica a autora principal do trabalho, Amy Brooks, estudante de doutoramento da faculdade de Engenharia da Universidade de Georgia.

E a China também está a produzir mais resíduos, nomeadamente de plástico, e não necessita de importá-los.

As baixas tarifas praticadas pela China tornavam mais barato aos outros países transportar o lixo por barco até àquele destino do que deslocar os materiais a nível nacional, por camião ou comboio, refere Amy Brooks.

“Sem novas ideias e sem alterações no sistema, mesmo as atuais taxas de reciclagem relativamente baixas deixarão de ser atingidas e os materiais antes reciclados podem passar a ir parar aos aterros”, resume Jenna Jambeck.

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