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Ljubomir Stanisic regressa à greve de fome depois de ida ao hospital

Depois de ter estado no hospital por algumas horas, Ljubomir Stanisic está de volta à greve de fome e revelou que assinou um termo de responsabilidade para poder regressar. O chef e empresário de restauração, em conjunto com outros manifestantes, segue no sétimo dia sem comer e já recebeu a visita de vários partidos políticos.
3 Dezembro 2020, 11h37

Ljubomir Stanisic já tinha deixado o aviso: “Daqui a um ou dois dias alguém vai cair”, disse ao JE na segunda-feira. Passadas 48 horas, foi o próprio chef que caiu ao sexto dia de greve de fome e foi levado ao hospital depois de se ter sentido mal. Horas depois, está de regresso.

Esta manhã o empresário de restauração assegurou que estava “com forças para continuar”. “Estou firme e hirto, tive uma quebra que é completamente normal depois de seis dias de greve de fome, sem ingerir nenhuma grama de açúcar nem nada no organismo, só agua e chá”, disse em declarações à SIC Notícias na tenda instalada em frente ao Parlamento em Lisboa.

“O corpo entrou em declínio total. As medidas de glicemia estavam muito abaixo, tive dores no peito, vieram dois médicos, fui levado para o hospital, fiz analises. Coração estava bem, sai do hospital, assinei o papel de responsabilidade antes das analises saírem e voltei para aqui para continuar”, explicou o ‘chef’.

Um movimento que não gosta de política 

Ljubomir Stanisic  também disse que “não gosta de política”. “O PS não ter descido [do Parlamento para ouvir os manifestantes] é muito triste. Eu votei no PS e não ter sido recebido, não vou votar em quem não me da respeito. Todos os partidos vieram visitar. Venham todos, queremos receber todos”.

Sobre partidos, o chef de cozinha pediu hoje desculpas a Francisco Rodrigues dos Santos, líder do CDS-PP, cujo vídeo da conversa tornou-se popular nas redes sociais.

“Querido, posso pedir, outra vez, um favor? Se voltares a falar do partido, e falo pelo grupo, vou ter que pedir para saíres”, disse Ljubomir Stanisic a Francisco Rodrigues dos Santos.  “Não há partidos querido, estamos, aqui, humanamente, acredita, por favor, respeita-nos como cidadãos. Votámos na Assembleia – é nossa – e nós estamos com fome, fracos, por isso, não conseguimos ouvir falar dos partidos. Ninguém nos está a apoiar. Nem sei de que partido tu és, sinceramente, porque já estou a ver-te trocado”, completou.

Depois do pedido de desculpas ao líder centrista, Ljubomir Stanisic também frisou que rejeitou a visita do presidente do Chega, André Ventura à tenda. No entanto, na página de André Ventura no Twitter, o representante do Chega parece ter estado no local. “Estar com estes homens e mulheres, tocar-lhes nas mãos, foi das experiências mais duras e emotivas que tive enquanto político. O Governo tem o dever de os receber. Nós temos o dever de os ajudar”, escreveu.

Na segunda-feira, o chef de cozinha apontava ao JE que a experiência que vivia parecia “um reality show” e admitia: “tem sido difícil”. “Emocionalmente temos altos e baixos como tudo, tem sido duro”, acrescentou.

Quando questionado sobre o estado de saúde dos intervenientes, o chef de cozinha contou que no domingo, no segundo dia da greve de fome, uma pessoa teve uma “gigante paralisia muscular”. “É normalíssimo, não está a ingerir proteínas”. Quanto ao que Ljubomir Stanisic tem ingerido, garante: “só bebo água, chá e café” e recorda que: “já estive na Jugoslávia, sei o que é passar fome”.

O chef de cozinha afirmou estar “farto de politiquices”. “Nós queremos os ordenados que andamos a pagar durante dezenas de anos e que os senhores que estão cá acima nos oiçam”, enalteceu. Sobre o Presidente da República, referiu ter “respeito por Marcelo Rebelo de Sousa, mas para ser respeitado convém respeitar os outros e isso não está a acontecer”.

Para o primeiro-ministro, deixou outro recado: “Caro António, já nos conhecemos há muito tempo, por amor de deus, está na altura, ele vai aos nosso restaurantes comer e beber”.

Ljubomir Stanisic está integrado no ‘Movimento Sobreviver a Pão e Água’ que reúne empresários, trabalhadores da restauração e similares. O grupo exige uma reunião com o Governo para apresentar medidas que ajudem o setor da restauração. Entre as medidas pedidas pelos manifestantes está a tributação “reduzida pela metade , seja através do IVA, da TSU, do IRC, de qualquer imposto”, como destacou José Gouveia, líder do movimento, ao JE.

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