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Lucros da Navigator cresceram 46% durante o primeiro semestre de 2021, para 64,4 milhões de euros

A “diminuição transversal de custos variáveis” e a “contenção de custos fixos” permitiu à Navigator registar um EBITDA de 150 milhões de euros no primeiro semestre deste ano e uma margem de EBITDA/Vendas de 21%.
27 Julho 2021, 17h55

No primeiro semestre de 2021, a The Navigator Company registou um volume de negócios de 715 milhões de euros, tendo as vendas de papel representado cerca de 70% do volume de negócios (vs. 67% no período homólogo de 2020), as vendas de pasta 11% (vs. 11%), as vendas de ‘tissue’ 10% (vs. 10%) e as vendas de energia 9% (vs. 10%).

Este desempenho representa um crescimento de cerca de 2,8% em comparação com o período homólogo de 2020, em que as vendas da Navigator alcançaram um montante de 695,5 milhões de euros.

“Depois de um primeiro trimestre marcado por novas vagas de contágio de Covid-19 e períodos de confinamento na maior parte dos mercados chave do Grupo, os últimos três meses registaram uma reabertura progressiva das economias e uma recuperação na procura de papel. Na sequência da forte recuperação verificada ao nível do preço da pasta, o preço do papel evidenciou novo ajustamento em
alta no segundo trimestre”, destaca o comunicado enviado pela produtora de pasta e papel à CMVM – Comissão do Mercado de Valores Mobiliários.

A “diminuição transversal de custos variáveis” e a “contenção de custos fixos” permitiu à Navigator registar um EBITDA de 150 milhões de euros no primeiro semestre deste ano e uma margem de EBITDA/Vendas de 21%.

“Ao longo do semestre destaca-se uma evolução positiva dos custos variáveis de produção (a volumes constantes) de cerca de 23 milhões de euros, nas rúbricas de madeira, energia e químicos, essencialmente por melhorias de eficiência ao nível dos consumos específicos. Persistiram também os esforços de contenção de custos fixos iniciados em 2020, com uma redução nos custos de funcionamento de sete milhões de euros em relação ao primeiro semestre de 2020 (-15%), tendo os custos com pessoal e manutenção registado uma evolução inversa, como antecipado, aumentando 14% e 15% respectivamente. Os custos fixos totais acabaram por situar-se 4% acima dos custos fixos no semestre homólogo”, explica o mesmo comunicado.

Os responsáveis da Navigator relevam que, “neste enquadramento, o EBITDA do semestre atingiu 150 milhões de euros, valor que compara com 140 milhões de euros no semestre homólogo (+7,4%)”, enquanto a margem EBITDA/Vendas foi de 21,1% e compara com uma margem de 20,1% YoY.

“De realçar o impacto negativo líquido da taxa de câmbio no EBITDA de cerca de 20 milhões de euros, com um EUR/USD médio no primeiro semestre de 2021 de 1,21 vs. 1,10 no 1º semestre 2020”, avisam a administração da produtora de pasta e papel.

Os resultados financeiros da Navigator na primeira metade deste ano situaram-se em 10,1 milhões de euros (vs. 7,8 milhões de euros), um
agravamento de 2,3 milhões de euros, “resultante essencialmente da variação negativa nos juros compensatórios (-1,4 milhões de euros) que, embora positivos, comparam com um valor muito elevado em 2020, e do cancelamento de um ‘swap’ de taxas de juro associado a um
empréstimo obrigacionista reembolsado em Dezembro de 2020 (-1,5 milhões de euros)”.

“Em sentido contrário, de realçar a variação positiva de 0,8 milhões de euros nos juros obtidos com aplicações financeiras, que no período foram ligeiramente positivos face a valores muito negativos obtidos no período homólogo. Os custos das operações de financiamento tiveram uma evolução ligeiramente negativa (-0,2 milhões de euros) devido a um pequeno agravamento do custo médio da dívida resultante do menor peso de dívida de curto prazo, que no período homólogo ganhou uma expressão significativa devido à liquidez obtida para fazer face à
pandemia”, referem os responsáveis da empresa.

Assim, os resultados da Navigator antes de impostos no primeiro semsstre deste ano situaram-se em 80,5 milhões de euros (vs. 55,4 milhões de euros no primeiro semestre de 2020), tendo o valor de encargos com IRC no exercício sido de 16,1 milhões de euros.

Por seu turno, os resultados líquidos da Navigator no período em análise totalizaram 64,4 milhões de euros, registando um aumento de 46% face ao período homólogo.

A administração realça que se verificou “uma geração muito significativa de ‘Free Cash Flow’ no semestre, de 121,5 milhões de euros, refletindo a retoma progressiva das condições de desempenho operacional do grupo.

“Recorde-se que o segundo trimestre de 2020 foi marcado por um conjunto de intervenções de gestão do fundo de maneio ajustadas a um contexto de grande incerteza, que, na altura da implementação se traduziram numa forte e imediata libertação de ‘cash’ (aumento de prazos de pagamento, contenção de CAPEX….). Verificou-se, ao longo do ano, uma redução significativa do valor investido em fundo de maneio, num contexto em que se verifica uma subida moderada dos níveis de ‘stocks’ (um aumento por efeito de preço) e clientes, acompanhando a retoma progressiva dos níveis de atividade. Neste contexto, a nossa política de gestão de fornecedores, articulada com a disponibilização de soluções de suporte à liquidez dos nossos parceiros, contribuiu muito ativamente para a geração de ‘cash-flow’ livre”, assinalam os responsáveis da Navigator, relembrando, nos últimos doze meses, a empresa gerou um valor muito expressivo de cerca de 241 milhões de euros em ‘cash flow’ livre.

O endividamento líquido da Navigator registou “uma redução relevante” face ao final de 2020 e ao período homólogo, apesar do pagamento de 100 milhões de euros de dividendos verificado no primeiro semestre.

“Regista-se, por outro lado, uma evidência de extensão da vida média da dívida do grupo, após um processo de restruturação – cuja última fase terá a conclusão em Agosto de 2021 – que permitiu um alongamento dos prazos de reembolso e, simultaneamente, uma redução dos
respetivos custos”, revela a administração da Navigator, noticiando que, no próximo dia 5 de agosto, a empresa vai emitir um empréstimo obrigacionista no valor de 100 milhões de euros com maturidade de cinco anos, por contrapartida do reembolso antecipado de
um financiamento no mesmo montante, válido até 2023.

“Esta operação contribuirá para a extensão da vida média da dívida do grupo, bem como para a redução do custo de financiamento da Empresa, além de ter condições ajustadas ao cumprimento de compromissos de sustentabilidade.

O valor de investimento da Navigator no semestre cifrou-se em 32,8 milhões de euros, que compara com 48,7 milhões de euros no primeiro semestre de 2020.

“Este montante inclui maioritariamente investimentos direcionados para a manutenção da capacidade produtiva e melhoria de
eficiências. Inclui ainda 5,5 milhões de euros na área ambiental e cerca de três milhões de outros projectos, onde se inclui a nova pilha de aparas de Aveiro e as centrais fotovoltaicas da Figueira da Foz (concluída) e de Setúbal (em construção). A execução do plano de
investimento no primeiro semestre acabou por ser condicionada pelas restrições relacionadas com a pandemia”, esclarece o comunicado em questão.

De acordo com os responsáveis da Navigator, o mercado de papel “recupera progressivamente, com a procura de UWF a crescer 4%”.

“Neste contexto, a Navigator registou ao longo do semestre um nível de encomendas bastante robusto tendo terminado o mês de Junho com uma carteira total de 55 dias. Este número compara favoravelmente com cerca de 32 dias dos seus concorrentes, comparando também bem com os cerca de 30 dias registados no período homólogo. A Navigator verificou um decréscimo dos seus ‘stocks’ de papel ao longo dos primeiros seis meses do ano, tendo terminado o mês de Junho com cerca de 13 dias de ‘stock’, nível historicamente baixo e que compara com uma média dos concorrentes de 29 dias”, assinala o referido comunicado.

O mesmo documento acrescenta que “o grupo realizou aumentos de preços em todas as regiões ao longo do semestre e o seu preço
médio de venda registou uma clara melhoria desde o início do ano, em particular entre o primeiro e o segundo trimestres. De realçar que o preço médio de venda acabou por ser muito penalizado pela evolução das taxas de câmbio nos mercados internacionais, tendo o seu ‘mix’ de produtos e mercados reflectido a situação pandémica na Europa e um maior peso dos mercados ‘overseas’ com uma forte recuperação de procura e de preços”.

“Neste enquadramento, as vendas da Navigator reflectem a melhoria da procura de papel registada ao longo do ano, apresentando um aumento de 17% nas quantidades vendidas, para 700 mil toneladas, tendo, contudo, o valor das vendas sido condicionado pelo nível de
preços, e evidenciando assim um crescimento de cerca de 9% YoY”, revela o comunicado em questão.

Os responsáveis da empresa referem também que houve uma recuperação expressiva dos preços da pasta no primeiro semestre.

“Verificou-se no início de 2021 uma recuperação rápida e significativa dos preços de referência do mercado da pasta, primeiro na China e posteriormente na Europa”, notam os responsáveis da Navigator, acrescentando que “esta melhoria dos preços da pasta foi sustentada por um conjunto de factores entre os quais podemos destacar a melhoria das condições económicas globais, o aumento generalizado do
preço das ‘commodities’, assim como diversos ‘drivers’ específicos do sector, entre os quais a retoma da procura do segmento ‘Away From Home’ do ‘tissue’, a recuperação da procura de pasta na Europa (impulsionada pelas especialidades, pelo segmento de Decor) e pela
procura robusta de papéis de impressão e escrita, nomeadamente do UWF”, esclarece o comunicado em questão.

O mesmo documento adianta que, “adicionalmente, o aumento da procura por cartolinas de embalagem feitas a partir de fibra virgem (Ivoryboard) e a redução de disponibilidade de fibra reciclada a nível global impulsionaram também a procura de pasta”, recorda a administração da Navigator, acrescentando que, “simultaneamente, sentiram-se restrições do lado da oferta de pasta devido a paragens de produção, planeadas e não planeadas, e com paragens de manutenção mais longas do que o habitual em resultado das maiores restrições devido à pandemia”.

O comunicado da Navigator acentua que a empresa “iniciou o ano de 2021 com um nível de ‘stocks’ de pasta relativamente baixo, o
que, conjugado com a grande paragem de manutenção ocorrida no final do primeiro trimestre no centro fabril da Figueira da Foz e a maior integração em papel, restringiu a quantidade de pasta disponível para venda no primeiro semestre”.

“As vendas situaram-se assim em 152 mil toneladas, 21% abaixo do primeiro semestre de 2020, período durante o qual o grupo beneficiou de uma maior quantidade de pasta disponível para venda em resultado das paragens de algumas máquinas de papel devido à pandemia e à
desmobilização de ‘stock’. A recuperação de preços de pasta verificada desde o início do ano permitiu mitigar o decréscimo de volumes e o valor das vendas do primeiro semestre situou-se cerca de 3% abaixo do valor YoY”, prossegue o comunicado em apreço.

Em relação ao segmento de ‘tissue’, manteve-se o bom desempenho registado em 2020: “o mercado de ‘tissue’ sofreu os impactos das restrições à mobilidade que se registaram novamente no início do ano, especialmente no segmento Away from Home, com o atraso na
reabertura das economias, e consequente reflexo no canal Horeca [Hotelaria, Restauração, Cafetaria] e no regresso ao trabalho presencial”.

A administração da Navigator refere ainda que “no segmento ‘At Home’ registou-se algum ‘destocking de despensa’ por parte das famílias, sobretudo quando comparado com igual período do ano passado”.

“Com a evolução dos programas de vacinação e a melhoria das perspectivas para o retorno a alguma normalidade, espera-se uma retoma paulatina no segmento ‘Away from Home’, embora mais lenta do que inicialmente antecipado”, prevêem os responsáveis da Navigator, sublinhando que, “neste contexto, as vendas da Navigator mantiveram o bom desempenho registado em 2020 e situaram-se em 51,8 mil toneladas, sensivelmente em linha com o ano anterior”.

Por fim, a produção de energia da Navigator cresceu 5%, para 502 Gwh no segundo trimestre. “No primeiro semestre do ano de 2021, a venda de energia elétrica totalizou 63,9 milhões de euros, o que representa uma redução de 12% face ao período homólogo”, nota o comunicado da empresa.

“A redução decorre essencialmente do facto da central de ciclo combinado a gás de Setúbal estar a fornecer energia elétrica a uma das máquinas de papel desde o início do ano, em virtude de uma avaria num transformador que impede a compra para esta máquina, em detrimento da venda de energia elétrica à rede. Espera-se a normalização desta situação em Março de 2022. No segundo trimestre, a venda de energia elétrica totalizou 32,7 milhões de euros, o que representa um aumento de 5% face ao primeiro trimestre, já a produção foi de 502 GWh, que compara com 479 GWh no primeiro trimestre”, conclui o comunicado da Navigator.

 

 

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