Uma análise da Maxyield conclui que os lucros das 12 cotadas do universo PSI que já apresentaram resultados semestrais cresceram 75%.
No mês de julho iniciou-se a earning season, com a apresentação dos resultados do segundo trimestre por 12 cotadas do universo das 15 sociedades que integram o PSI. Todas as sociedades apresentaram resultados positivos, sendo que os lucros obtidos atingem 2,3 mil milhões de euros e representam um crescimento homólogo de 75% face a 2021. A maior subida anual dos lucros do primeiro semestre coube ao BCP que viu os lucros subirem 507,4% para 74,5 milhões de euros. Seguiu-se a Galp com uma subida de 207,3% para 713 milhões e a Navigator com uma subida de 151,3% para 161, milhões de euros. Temos ainda a subida dos lucros da Semapa que foi de 3,5% para 141,5 milhões.
De notar que apenas os CTT e a EDP apresentaram diminuição de resultados (-15,3% e -11% respectivamente).
“A earning season favoreceu comportamento das cotações, como revela a evolução do PSI na fase final do mês de julho”, conclui o Clube dos Pequenos Acionistas liderado por Carlos Rodrigues.
Relativamente aos mercados internacionais, o impacto da earning season do país nas cotações do universo empresarial PSI foi menos acentuado, diz a Maxyield.
PSI cresce 1,3% em julho
O PSI fechou o mês de julho com o valor de 6.123,2 pontos, que representa um aumento mensal de 1,3% num contexto de forte resiliência e volatilidade do índice de referência bolsista do país. No mês de julho, das 15 sociedades que integram o PSI, sete tiveram crescimento positivo das cotações, sete sofreram diminuição e uma manteve-se inalterada.
A banda de variação mensal oscila entre 20% da Greenvolt e 12,4% do BCP.
As sete sociedades cotadas com crescimento mensal das cotações envolvem a Greenvolt (20%), a EDP Renováveis (12,3%), a EDP (10,9%), a Jerónimo Martins (9,1%), a CTT (6,9%), a Semapa (6,3%) e a Navigator (5%). As sete sociedades com quebras mensais na sua cotação foram o BCP (-12,4%), a Altri (-9,6%), a Galp (-8,1%), a Sonae SGPS (-5,2%), a REN (-3,8%), a NOS (-3,7%) e a Corticeira Amorim (-1,5%).
A Mota-Engil terminou o mês de julho com a cotação ao nível do final do mês anterior.
“O PSI manteve-se na faixa de variação [57.501 – 63.002], reportando-nos para níveis atingidos há sete anos”, refere a Maxyield.
“À semelhança do comportamento anual, verificou-se uma forte variabilidade na trajetória mensal do PSI”, escreve a associação de pequenos acionistas.
Relativamente a 31 de dezembro/2021, o PSI apresenta um crescimento anual de 9,9%, com 12 (doze)cotadas em trajetória positiva e 3 (três) em perda de valor.
A banda de evolução anual é bastante ampla, oscilando entre 38,9% da Greenvolt e -26,8% dos CTT.
As sociedades com variação anual positiva foram a Greenvolt (38,9%), a Semapa (22,1%), a Galp (20,7%), a Navigator (20,2%), a EDP Renováveis (15,5%), a Jerónimo Martins (12,5%), a Sonae SGPS (10,7%), %), a REN (8,6%), a NOS (8,3%), a Altri (2,7%), o BCP (2,6%) e a EDP (2,2%).
Com desempenho anual negativo encontram-se os CTT (-26,8%), a Corticeira Amorim (-7,8%) e a Mota-Engil (-3,8%).
Nos mercados internacionais, o índice S&P 500 composto pelas maiores 500 sociedades cotadas na NYSE, após atingir em 4 de janeiro o valor máximo de sempre e a entrar em bear market no mês de junho, apresenta um crescimento em julho de 9,1% e uma diminuição anual acumulada de 13,3%.
“O índice Stoxx 600 que agrega as 600 maiores sociedades cotadas europeias, atingiu em 5 de janeiro o valor máximo histórico, sofreu em julho um aumento de 7,7% e uma baixa anual acumulada de -10,1%, tendo saído da antecâmara de bear market”, refere estudo.
A Maxyield diz que a evolução do S&P 500 e Stoxx 600 foi em sentido idêntico, beneficiando dos resultados apresentados na earning season.
O índice tecnológico americano Nasdaq que entrou em bear market no mês de abril, apresenta uma recuperação notável.
Apesar do aumento das taxas de juro e receios de recessão, a excelente earning season provocou um comportamento muito positivo nas bolsas dos EUA e europeias.
As bolsas dos diversos países europeus apresentam uma evolução bastante diferenciada, sendo que os índices alemão DAX 30 (entrou no final de junho em bear market) e o francês CAC40 são aqueles que sofreram uma quebra mais acentuada.
“É de referir que o índice espanhol IBEX 35 e o londrino FTSE 100, ainda não atingiram os valores anteriores ao crash de 2020”, realça a Maxyield que acrescenta que acompanha a evolução mensal de 11 importantes sociedades do IBEX 35, cujo comportamento pode ser observado no quadro seguinte, sendo de referir que sete apresentam uma variação mensal negativa das cotações no mês de julho.
Ibex pior que PSI
O mercado espanhol (IBEX 35) com uma diminuição anual de 6,4%, continua cada vez mais afastado da praça de Lisboa.
Em termos anuais, é de salientar o forte contributo positivo para o IBEX 35 da Repsol, da Telefónica, da Merlin e da Caixabank, diz a Maxyield.
Na polarização oposta encontra-se o Santander, o BBVA, a Endesa, a Enagás e a Maphre com variações negativas. Mantém-se a existência de alguns títulos, cotados a nível inferior ao final de 2019, designadamente Santander, Telefónica, Maphre, Endesa, Enagas e Merlin, segundo a mesma análise.
“Com exceção da China (efeito das políticas de confinamento no combate à pandemia), os índices asiáticos apresentam um comportamento mensal positivo, com particular destaque para a Coreia do Sul e Japão”, refere a associação.
O índice russo MOEX sofreu uma quebra anual de -43%, a qual incorpora os efeitos na economia do país resultante da invasão à Ucrânia e sanções internacionais, constata a Maxyield.
A análise refere que “face à importância da Polónia para o BCP e Jerónimo Martins, referimos que o índice polaco WIG 20 apresenta uma baixa anual de -24%”.
O PSI continua em contraciclo com os mercados internacionais, mas a resiliência sofreu em julho uma forte atenuação, face ao crescimento vigoroso dos índices europeus e norte americanos e lenta evolução da bolsa nacional.
O que perspetiva a Maxyield?
O mercado de capitais, vai continuar a ser marcado pelas pressões inflacionistas, aumento das taxas de juro e arrefecimento económico. Após o Banco Central de Inglaterra proceder a cinco aumentos de 0,25% nas suas taxas de referência e a Fed ter realizado 4 subidas no valor total de 2,25%, o BCE iniciou em julho o aumento das taxas diretoras no valor de 0,5%.
Paralelamente, a redução dos balanços destas autoridades monetárias através da diminuição das compras líquidas de ativos designadamente títulos de dívida soberana teve o seu início no limiar do 2º semestre de 2022, sendo que a nível da zona euro vai ser temperado por um focus anti-fragmentação.
Face à persistência das pressões inflacionistas são esperados novos aumentos das taxas de juro de referência no decurso do 3o trimestre, com prenúncio já no início de agosto a nível do Banco Central de Inglaterra.
“Merece uma referência especial a evolução das taxas de juro reais num contexto inflacionista, com impacto na amplitude da evolução das taxas nominais”, diz a Maxyield que acrescenta que a questão central, é saber se na atual conjuntura se é possível travar a inflação, sem provocar uma recessão ou estagflação na economia americana e europeia.
“Por outro lado, a atual crise não se localiza apenas do lado da procura, pois incorpora importantes questões do âmbito da oferta, relativamente à qual as tradicionais políticas de intervenção necessitam dum horizonte temporal mais alargado para produzir efeitos”, refere a associação.
“Estes perigos não existem em Portugal para 2022, pois a economia deverá apresentar um crescimento robusto, cujas estimativas mais recentes de entidades internacionais e nacionais se situam em torno de 6,5%, devido ao impulso do consumo privado apoiado pela normalização taxa de poupança das famílias, à alavancagem do investimento pelo PRR e à recuperação do turismo para o nível pré-pandemia”, lê-se no comunicado. No entanto, diz a Maxyield, “em 2023 Portugal regressa a uma baixa trajetória de crescimento, sendo que a inflação, os preços da energia, as disfunções na cadeia de abastecimentos, o aumento das taxas de juro e a bolha imobiliária, são riscos que não podem ser subvalorizados”.
A Maxyield diz ainda que os índices bolsistas já incorporam alguns efeitos macroeconómicos deste Outlook.
“A nível nacional são legítimas as interrogações sobre a capacidade de resiliência do PSI até ao final do ano e a persistência duma evolução em contraciclo com os mercados internacionais”, refere a associação.
A atividade das maiores sociedades do PSI vai ser influenciada pelo arrefecimento económico internacional, devido ao peso da internacionalização nos seus negócios, conclui a análise
Pelo contrário, a atividade das sociedades do PSI com atividade concentrada no mercado doméstico, será potenciada pela favorável conjuntura económica do país em 2022, considera a Maxyield.
“A evolução do PSI poderá ser influenciada por estes dois efeitos de sentido inverso e pelo grau de volatilidade. Neste contexto estaremos confrontados pela entrada do PSI na faixa de variação [6.300 – 7.505] ou manutenção na faixa [5.750 – 6.300 pontos]”, refere a associação.
“A entrada na faixa de variação [6.300 – 7.750 pontos] significa que o PSI se manterá ao nível de máximos de 2014-2015 e numa significativa tendência ascensional”, segundo esta análise.
Já a manutenção na faixa [5.750 – 6.300 pontos] “significa que o índice se manterá a nível de 2016 – 2018, com o perigo de regressão e quebra da zona de suporte, ao encontro daquele que sempre vem e se esconde na sucessão de picos e vales dos períodos longos de variação – o bear market”.