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Lucros do BPI caem 87% para 6,3 milhões de euros no primeiro trimestre

Em comunicado, a instituição de crédito, liderada por Pablo Forero, explicou esta evolução devido “ao impacto de fatores relacionados com a crise da pandemia de Covid-19, nomeadamente, queda nos mercados financeiros e reforço de imparidades para fazer face a impactos futuros que, em conjunto, tiveram um impacto negativo de 47 milhões de euros no resultado antes de impostos”. As imparidades de crédito registadas no primeiro trimestre somaram 32 milhões de euros.
  • Cristina Bernardo
4 Maio 2020, 10h55

O resultado líquido do BPI no primeiro trimestre de 2020 registou uma quebra homóloga de 87%, fixando-se em 6,3 milhões de euros, sendo que a atividade do banco em Portugal contribuiu com 4,4 milhões para este resultado, enquanto as participações detidas no BFA e no BCI contribuíram em 1,9 milhões de euros.

Em comunicado, a instituição de crédito, liderada por Pablo Forero, explicou esta evolução devido “ao impacto de fatores relacionados com a crise da pandemia de Covid-19, nomeadamente, queda nos mercados financeiros e reforço de imparidades para fazer face a impactos futuros que, em conjunto, tiveram um impacto negativo de 47 milhões de euros no resultado antes de impostos”. As imparidades de crédito registadas no primeiro trimestre somaram 32 milhões de euros.

Os resultados foram ainda impactados pela contabilização da totalidade da contribuição bancária no primeiro trimestre do ano, que somou 15,5 milhões, quando no ano passado foi periodificada ao longo do ano (quatro milhões de euros no primeiro trimestre de 2019).

Em termos operacionais, o produto bancário na atividade portuguesa registou um crescimento homólogo de 2,9% para 176,5 milhões de euros. E a margem financeira subiu 2,9% em igual período, fixando-se em 109.9 milhões de euros, impulsionada pelas receitas do aumento da carteira crédito nos últimos trimestres. Já as comissões líquidas mantiveram-se “estáveis” em relação ao primeiro trimestre do ano passado, e fixaram-se nos 60,8 milhões de euros nos primeiros três meses deste ano.

O BPI considerou que a evolução do produto bancário confirmou “a evolução positiva da economia portuguesa no período anterior à pandemia”.

Os depósitos de clientes, que representam 69% do ativo do BPI, cresceram 3,4% – um aumento de 765 milhões de euros – para 23.472 milhões de euros. Os depósitos dos investidores institucionais e financeiros aumentaram 187 milhões de euros no primeiro trimestre, para 495 milhões de euros.

O banco liderado por Pablo Forero foi afetado pela queda das bolsas no final de março que motivou a desvalorização de 8,6% da carteira de ativos sob gestão e que se fixaram em 8.954 milhões de euros.

Os recursos a clientes não sofreram grandes alterações face ao primeiro trimestre de 2019, totalizando 34.380 milhões de euros no final de março de 2020.

Na concessão de crédito, o BPI diz ter registado uma subida da quota de mercado, sendo que esta, em janeiro de 2020, estava em 10,5%. Desde dezembro de 2019, a carteira total de crédito a clientes subiu 0,6%, para 24.523 milhões de euros, o que se traduz numa subida homóloga de 4,9%.

A evolução da carteira de crédito deveu-se principalmente à contratação de novo crédito hipotecário nos primeiros três meses deste ano, que praticamente duplicou face ao período homólogo. Entre janeiro e março de 2020, o BPI concedeu 452 milhões de euros para crédito à habitação e, até fevereiro deste ano, a quota de mercado do banco detido pelo CaixaBank na produção de novo crédito hipotecário ascendeu a 16,2%.

A carteira de crédito hipotecário total registou uma subida de 1,2%, totalizando 11,5 mil milhões de euros.

“O primeiro trimestre de 2020, juntamente com o último trimestre de 2019, foram os trimestres com contratação de crédito hipotecário mais elevada dos últimos 10 anos”.

Já o crédito a empresas permaneceu inalteratada em 9.514 milhões de euros e o crédito a particulares, que não o hipotecário, também se manteve estável, fixando-se em 1.678 milhões de euros.

Até ao dia 24 de abril, o BPI recebeu 40,8 mil pedidos de moratórias de crédito à habitação, crédito pessoal e financiamento automóvel relativos a 2.363 milhões de euros de crédito. No crédito pessoal e automóvel, os pedidos de moratória somaram 15,9 mil pedidos totalizando 249 milhões de euros. Já no crédito à habitação, os clientes realizaram 24,8 mil pedidos de moratória que correspondem a 2,11 mil milhões de euros de crédito.

Em relação à qualidade do crédito, o BPI diz estar numa posição confortável. O rácio NPE desceu 0,2 pontos percentuais para 2,3% e a cobertura de NPE por imparidades e colaterais subiu para 125%.

O BPI reviu o cenário macroeconómico devido à pandemia da Covid-19, o que levou a instituição de crédito a registar 34 milhões de euros de imparidades de crédito.

No que diz respeito aos rácios de capital, o CET1 aumentou para 13,7%, o rácio Tier 1 para 15,2% e o rácio de capital total para 16,9%. O rácio de leverage situou-se nos 7,7% em março de 2020. O BPI cumpre por margem significativa os rácios mínimos exigidos pelo Banco Central Europeu (BCE) para 2020 em matéria de CET1, Tier 1 e rácio total.

O rácio de eficiência core fixou-se em 60%, tendo registado “um aumento ligeiro” de 0,8% face ao primeiro trimestre do ano passado, enquanto os custos com pessoal aumentaram 0,8%.

Em março de 2020 o Banco BPI contava com 4.831 colaboradores (+10 em termos líquidos em relação a março de 2019). Na mesma data a rede de distribuição era totalizava 454 unidades comerciais, entre balcões (383), centros premier (36), 1 balcão móvel e centros de empresas (34).

Nos últimos 12 meses, o BPI atingiu um Retorno sobre capital tangível (ROTE) recorrente na atividade doméstica de 7,1%

Pablo Forero será substituído por João Oliveira e Costa

Esta segunda-feira, numa nota enviada ao mercado, Pablo Forero comunicou ao conselho de administração do BPI a decisão de que se vai reformar no final do seu mandato. João Oliveira e Costa, atual vogal do conselho de administração e da comissão executiva, será o novo CEO indigitado do BPI para o mandato entre 2020 e 2022.

Há três décadas a desempenhar cargos de liderança no BPI, depois de uma passagem de dois anos no BCP, Oliveira e Costa tornar-se-á no CEO do banco detido pelo CaixaBank depois de receber autorização dos supervisores da banca. João Oliveira e Costa é administrador executivo do BPI desde 2014, responsável pelas áreas de negócio de particulares, private banking e negócios.

(atualizada com mais informação às 11h23)

 

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