Lucros do CaixaBank recuam 40% em 2022 com impacto da fusão com o Bankia (com áudio)

Excluindo o impacto extraordinário da fusão com o Bankia, as receitas do CaixaBank cresceram no ano passado 5,8%, para os 11.997 milhões de euros, “impulsionadas pelo aumento de 7,7% da margem de juros e de 33,1% das receitas e gastos com contratos de seguros”.

Albert Gea/Reuters

O banco espanhol CaixaBank teve lucros de 3.145 milhões de euros em 2022, menos 39,8% do que em 2021, quando os resultados tiveram o impacto extraordinário da fusão com o Bankia.

Comparando parâmetros homogéneos, os lucros no ano passado cresceram 29,7% em comparação com 2021, segundo um comunicado divulgado hoje pelo CaixaBank, o dono do BPI em Portugal.

O presidente executivo do grupo CaixaBank (CEO), Gonzalo Gortázar, citado no mesmo comunicado, diz que 2022 foi “um ano muito positivo” para o banco, destacando o “dinamismo comercial”, “a qualidade” do crédito e “a fortaleza financeira”.

O banco sublinha que em 2022, ano em que completou o processo de integração do Bankia, considerada a maior fusão do setor financeiro em Espanha, o Caixabank “conseguiu manter o ritmo comercial apesar do contexto de incerteza gerado pela invasão da Ucrânia e cumpriu os seus objetivos financeiros e de atividade”.

Segundo os resultados hoje divulgados, a rentabilidade do CaixaBank no ano passado, medida pelo índice conhecido como ROTE, cresceu 9,8%.

Excluindo o impacto extraordinário da fusão com o Bankia, as receitas do CaixaBank cresceram no ano passado 5,8%, para os 11.997 milhões de euros, “impulsionadas pelo aumento de 7,7% da margem de juros e de 33,1% das receitas e gastos com contratos de seguros”.

Quanto às despesas, os gastos de gestão e amortização recorrentes (regulares) diminuíram 5,6%, o que o banco associa às sinergias conseguidas com a integração do Bankia.

Em 2022, o CaixaBank concluiu um processo de “saídas voluntárias” que se reflete numa diminuição de 8,1% das despesas com pessoal, diz o banco, no comunicado divulgado hoje.

Quanto ao crédito, aumentaram tanto os empréstimos concedidos a particulares como a empresas, “com um crescimento da carteira de crédito sã (que exclui os saldos duvidosos) de 3,3%, para 351.225 milhões de euros”.

O crédito concedido a empresas cresceu 7,6%, o crédito ao consumo aumentou 4,1% e as hipotecas (empréstimos para compra de casa) aumentaram 0,7%, segundo o CaixaBank.

No caso específico de Espanha, a concessão de empréstimos para habitação mais do que duplicou no ano passado (o aumento foi de 108%), alcançando 14.299 milhões de euros.

Num contexto de subida das taxas de juro, o CaixaBank sublinha que “mantém a aposta em empréstimos de juros fixos” e que em 2022, mais de 90% dos contratos para compra de casa do banco foram feitos com taxas fixas.

Quanto aos “saldos duvidosos” de crédito, o CaixaBank diz terem diminuído para os 10.690 milhões de euros no ano passado, menos 2.943 milhões de euros do que em 2021, situando-se o rácio de morosidade (atrasos no pagamento de empréstimos ou crédito mal parado) no final de 2022 nos 2,7% (em 2021 tinha sido 3,6%).

No final de 2022, os recursos totais de clientes do banco eram 609.133 milhões de euros, menos 1,7%, dado “o impacto da volatilidade dos mercados”, segundo o banco.

Os ativos geridos pelo Caixabank no final de 2022 também tinham caído, comparando com 2021: eram 144.832 milhões de euros, menos 8,3%, o que o banco atribui, essencialmente, ao comportamento desfavorável dos mercados, embora tenha havido uma recuperação no último trimestre do ano.

No conjunto, o CaixaBank destaca que fechou 2022 com ativos líquidos de 139.010 milhões de euros e taxas de liquidez de 194%, “muito acima do nível mínimo requerido de 100%”

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