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Lucros do Grupo Crédito Agrícola caem 33% no primeiro semestre para 50 milhões de euros

As imparidades constituídas de 391 milhões de euros penalizaram o resultado líquido consolidado do Crédito Agrícola no primeiro semestre de 2020.
13 Agosto 2020, 13h50

O Crédito Agrícola registou um resultado líquido consolidado de 50,1 milhões de euros nos primeiros seis meses do ano, o que traduz uma queda homóloga de 32,7%, devido às imparidades registadas por causa da Covid-19, no valor de 391 milhões de euros.

O banco, liderado por Licínio Pina, em comunicado divulgado esta quinta-feira, salientou que o semestre foi “fortemente marcado pela pandemia provocada pelo coronavírus” — tal como os outros bancos — e que “tem vindo a dar continuidade a uma gestão sã e previdente, indispensável no atual contexto macroeconómico”.

“Consequentemente, até junho de 2020, foram registadas imparidades para crédito no valor de 391 milhões de euros. Além disso, o Crédito Agrícola constituiu ainda uma provisão extraordinária de 17,4 milhões de euros “para salvaguardar riscos potenciais relacionados com o reconhecimento de imparidades na carteira de crédito e de exposição a imobiliário”.

Para o resultado líquido do Grupo Crédito Agrícola, de 50,1 milhões, registado no semestre, o negócio bancário contribuiu com 40,1 milhões, que se traduz numa variação negativa homóloga de 36,5%. Os lucros do negócio de seguros caíram 5% face aos primeiros seis meses de 2019, para 7,4 milhões de euros. Já nos veículos de investimento imobiliário, o Grupo diminuiu as perdas, que passaram de um prejuízo de 7,6 milhões para um prejuízo de 4,7 milhões. Outros ramos de negócio contribuíram com 7,3 milhões para o resultado líquido consolidado o que também se traduziu numa quebra homóloga de 11%.

No negócio bancário, a margem financeira diminuiu 6,4 milhões de euros (-3,9%) em relação ao período homólogo. Complementarmente, a margem técnica do negócio segurador registou uma variação homóloga de -8,9 milhões de euros (-29,6%), tendo as comissões líquidas aumentado 6,2 milhões de euros (+13,2%).

A carteira de crédito bruto a clientes ascendeu a 10,8 mil milhões de euros, o que reflete um aumento de 5,8%, em termos homólogos. “Este aumento reflete o apoio disponibilizado às famílias e empresas clientes do Grupo CA no actual contexto da crise do COVID-19, facto que contribuiu para o reforço de quota de mercado de crédito do Grupo Crédito Agrícola para 5,7%”, diz a instituição financeira.

Os depósitos ascenderam a cerca de 15,8 mil milhões de euros, o que representa um crescimento homólogo de 11,2%. O Crédito Agrícola explica que o aumento dos depósitos foi superior ao aumento do crédito líquido, o que contribuiu para a redução de transformação, que atingiu os 66% no final de junho de 2020.

Em termos de qualidade da carteira de crédito do Grupo Crédito Agrícola, o rácio bruto de Non Performing Loans (NPL), de acordo com a Instrução 20/2019, em junho de 2020 situava-se em 8,9%.

O Crédito Agrícola apresentou ainda um rácio de cobertura de NPL por imparidades de 41,8% e um rácio de cobertura de NPL por imparidades e colaterais de 128% — ambos os rácios caíram, respectivamente, 2,9 p.p. e 2,6 p.p face a junho de 2019.

O rácio de eficiência atingiu os 62,4%, menos 2,6 p.p. em relação ao primeiro semestre do ano passado.

Em igual período, o ROE caiu 3,8 p.p. para 5,4% enquanto a rentabilidade do ativo (ROA) caí de 0,8% para 0,5%.

Em termos de rácio de capital, o CET1 subiu 2,2 p.p. entre junho de 2019 e junho de 2020, altura em que atingiu os 16,8%.

Mais de 19 mil moratórias de valor superior a 2 mil milhões de euros

Até junho de 2020, o Crédito Agríocla aprovou 19.380 moratórias que representaram 2.218 milhões de euros.

Deste valor, mais de 90% (1.926 milhões) corresponderam a moratórias atribuídas ao abrigo da moratória pública, tendo sido o remanescente atribuído ao abrigo do regime da moratória privada — da Associação Portuguesa de Bancos — e do próprio banco.

A esmagadora maioria do valor (80,8%) correspondeu a moratórias sobre crédito concedido às empresas, 16,5% correspondeu a moratórias ao crédito à habitação e 2,6% a particulares.

Acresce ainda que Crédito Agrícola concedeu 148 milhões de euros ao abrigo das linhas de crédito protocoladas Covid-19, com a garantia do Estado, apoiando desta forma 1.459 empresas nacionais.

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