Luís Laginha de Sousa, o novo presidente da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), garante que quer dar continuidade ao trabalho que foi feito pelos seus antecessores, estando focado no desenvolvimento do mercado de capitais em Portugal.
As linhas de atuação da nova administração, cuja cerimónia de tomada de posse decorreu esta segunda-feira no Ministério das Finanças, não significam “qualquer rutura com o caminho que a CMVM tem vindo a seguir”. Significa, sim, um “reafirmar do que muito relevante tem vindo a ser feito e uma concentração de esforços onde haja mais caminho a percorrer”, afirmou o antigo presidente da Bolsa de Lisboa.
A administração é ainda composta por Inês Drumond, até agora diretora-adjunta no Banco de Portugal, no cargo de vice-presidente da CMVM, e pelos administradores Teresa Gil, José Miguel Almeida e Juliano Ferreira.
De acordo com Luís Laginha de Sousa, as linhas de atuação assentam em dois suportes. Em primeiro lugar, “partir do princípio de que o mercado de capitais, não sendo um fim em si mesmo, é imprescindível ao desenvolvimento sustentável do país”, salientado a “perda que pode representar ao país não aproveitar todo o potencial do mercado de capitais”.
Enquanto segundo suporte aponta para o facto de “para se ser regulador do mercado é preciso ter mercado para regular”. Nesse sentido, o foco deverá estar virado para o desenvolvimento do mercado, mas também para a eficácia operacional da CMVM, referiu.
O presidente da CMVM fez ainda referência à necessidade de o regulador participar no processo legislativo europeu, tendo “capacidade para influenciar os processos o mais cedo possível”.
Quando aos desafios agora colocados, Luís Laginha de Sousa frisou a atual conjuntura, a falta de poupança dos portuguesas com impacto no investimento em geral e, em particular, no mercado de capitais, a baixa literacia financeira dos portugueses, bem como os desafios da sustentabilidade e alterações climáticas.
O antigo administrador do Banco de Portugal afirmou ainda ser importante haver uma articulação entre os três supervisores, uma vez que apesar de a responsabilidade poder ser apenas de uma das entidades, as “consequências serão suportadas por todos”.