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Madeira: “A continuidade territorial tem de ser paga custe o que custar”, afirma Carlos Pereira

O candidato do PS Madeira às legislativas defende que o Estado deve continuar a assumir a fatura da continuidade territorial. Contudo Carlos Pereira sublinha que “temos todos de trabalhar para encontrar um modelo menos dispendioso, mais eficaz e mais facilitador para o madeirense”, referindo-se ao subsídio de mobilidade.
24 Janeiro 2022, 07h45

O candidato do PS, pelo círculo da Madeira, às legislativas, Carlos Pereira, fala, ao Económico Madeira, sobre mobilidade. O socialista defende que deve existe uma reflexão entre os Governos da República e da Madeira sobre o ferry, e afirma que o Estado, no que diz respeito à continuidade territorial deve assumir as despesas.

“A continuidade territorial tem de ser paga custe o que custar. Agora se me perguntar podemos encontrar modelos mais práticos, mais baratos, mais eficazes? Acho que sim”, diz Carlos Pereira.

Defende que deve haver ferry?

Defendo que deve haver uma reflexão conjunta e um trabalho conjunto entre Governo no sentido de avaliar as condições económicas, a viabilidade, não estou a sequer estou a falar de viabilidade económica, viabilidade a todos os níveis, não apenas viabilidade económica, mas a todos os níveis, e compromisso entre duas partes. E o compromisso entre as duas partes é Governo da República e Governo da Região Autónoma da Madeira nesse sentido.

Sobre a mobilidade eu quero dizer que aquilo que referiu tem um aspeto que tem deve ser clarificado. A mobilidade aérea está a ser completamente salvaguardada pelo Governo da República contrariamente ao que existia com a proposta do PSD/CDS-PP.

A proposta do PSD/CDS-PP contava com onze milhões de euros para a mobilidade anual das viagens todas dos madeirenses. Ora hoje a mobilidade anual dos madeirenses custa 50 milhões de euros. 4x mais do que o PSD/CDS-PP propôs à Madeira e que o PSD Madeira aceitou.

Está previsto em todos os orçamentos 4x mais para salvaguardar essa mesma mobilidade. Há uma coisa que eu quero dizer de forma clara. A mobilidade aérea da Madeira hoje está melhor do que nunca. É preciso encontrar uma solução para que os madeirenses não tenham de dispensar mais dinheiro à partida do que aquele que está previsto no subsídio.

Mas tem um custo muito elevado ou não ….

Não é uma questão de custo que isso hoje está acontecer. O problema não é uma questão de custo. E aí voltamos à questão essencial de tomarmos todas as medidas que venham defender os madeirenses, mas não tomar medidas que possam parecer que defendam os madeirenses mas que no final do dia acaba por ser mais negativo para a Madeira do que parece. E esse é um caso desses.

Porque nós sabemos que se a portaria que está prevista fazer todos os madeirenses começarem a pagar apenas o valor do subsídio for implementada o que sabemos é que há companhias como a easyJet, e agora a Ryanair, que disseram e enviaram cartas, eu tenho uma carta dessas, e penso que o Governo da República e da Madeira também têm, os outros deputados têm, a dizer que se isso fosse implementado abandonariam a rota da região, porque isso era incompatível com o seu modus operandi.

E isso deve exigir que os Governos, mais uma vez chamo a atenção para a cooperação entre os Governos, possam encontrar uma solução para que se consigam duas coisas.

Primeiro que os madeirenses paguem só esse valor do subsídio e segundo que as companhias não saiam dessa rota.

Porque se nós montamos um processo desses em que as pessoas apenas pagam esses valores e as companhias saiam da rota nós ficamos pior.

Este cuidado é preciso ter e é preciso que os Governos aceitem conversar e aceitem tomar uma decisão sobre essa matéria.

Eu sei que o Governo da República está sensível a esse ponto e sei que o Governo Regional está sensível a esse ponto.

Portanto eu não farei desta matéria uma arma de arremesso político porque o que está em causa são os interesses dos madeirenses.

Sim. Se me perguntar se concorda que os madeirenses só paguem o valor devido do bilhete eu digo que sim. Se me pergunta se concorda que isso deve ser implementado a todo o custo mesmo que as companhias saiam eu já digo que não. Se as companhias saírem nós vamos ficar piores. E penso que os madeirenses concordam comigo. É preciso encontrar uma solução que seja equilibrada que garanta essas duas coisas. E eu acho que ela pode existir. Obviamente que a pandemia atrasou esse diálogo e atrasou essa concretização mas acho que estamos numa altura de trabalhar nesse sentido.

Quem é que deve pagar a fatura desse subsídio de mobilidade?

Quem está a pagar é o Estado. Até ao momento é o Governo da República, e deve continuar assim, a pagar essa fatura. Estamos a falar de continuidade territorial que é uma responsabilidade do Estado, que o Estado deve assumir. E por muito que isso custe ao Estado tem de ser. E portanto eu aí não facilito. E o Governo da República sabe muito bem que é essa a posição que tenho sobre essa matéria.

Mesmo que o custo continue a subir o Estado deve sempre assumir?

A continuidade territorial tem de ser paga custe o que custar. Agora se me perguntar podemos encontrar modelos mais práticos, mais baratos, mais eficazes? Acho que sim. Acho que temos todos de trabalhar para encontrar um modelo menos dispendioso, mais eficaz e mais facilitador para o madeirense. É isso que interessa. Temos todos de conversar sobre isso. Acho que as coisas não são estanques, não são definitivas. Há uma única coisa que me parece importante. É que o Estado deve assegurar a continuidade territorial. Ai não tenho dúvidas nenhumas. E isso é uma matéria constitucional que tem de ser salvaguardada.

A partir daí temos de trabalhar todos no sentido de ajudar e de contribuir para que os madeirenses paguem menos, que os madeirenses tenham acesso de qualidade aos meios aéreos, e que a fatura seja o mais baixa possível.

Edição do Económico Madeira de 17 de janeiro.

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