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Madeira pode crescer no turismo ao apostar na economia do mar

“Consideramos que a Madeira pode crescer no turismo e isso não tem que significar mais pessoas”.
3 Fevereiro 2017, 19h13

Quem o disse ao Económico Madeira foi Miguel Marques, partner da PricewaterhouseCoopers (PwC), que esteve no Funchal a apresentar a 7.ª edição do estudo “LEME – Barómetro PwC da Economia do Mar”. Uma edição dedicada às problemáticas do mar e do ambiente. Apresentou igualmente o destacável dedicado à Madeira, denominado “Ilhas que Brilham LEME – Barómetro PwC da Economia do Mar Zoom Madeira”.

Miguel Marques complementou a sua frase, evidenciando que “é fundamental olhar para este argumento do turismo de mar como uma forma de cada visitante deixar mais valor”.

Em relação especificamente ao relatório da Madeira, o partner da PwC disse que todo o país tem tido um comportamento favorável no que toca ao turismo. E, “por excelência, a Madeira é um território de turismo”. Nesse âmbito, referiu que “o mar é cada vez mais importante no turismo da Madeira. E acreditamos, pela análise que temos feito, e perguntas efetuadas, que pode ser um dos argumentos para aportar mais valor à Madeira através do turismo”.

Sublinhou que, por vezes, “se fala muito em aumentar o número de pessoas a visitar o arquipélago. Isso é bom, mas não é suficiente para acrescentar valor”. Disse que esta vertente se tem notado porque “quando descontamos o valor das vendas hoteleiras pela inflação ocorrida nos últimos 10 anos, percebemos que, embora em termos nominais parece que haja um crescimento, em termos reais esse crescimento não é assim tão grande”.

Crescimento em 2016 e 2016

Sublinhou que em 2015 o turismo cresceu em termos reais e que o mesmo aconteceu o ano passado, com influência da instabilidade mundial “que está a trazer mais gente e mais valor”. “Mas parece haver alguma dificuldade em aumentar o valor por visitante. E o mar pode ser um argumento para conseguirmos fazer isso, porque numa economia hiper competitiva a nível mundial, só conseguiremos aumentar faturação se entregarmos mais serviço”. Entende que o mar, “se for bem incorporado, com o turismo natureza, com as visitas coordenadas com o setor hoteleiro e também com os turistas a visitarem as belezas marítimas da Madeira, talvez consigamos que cada turista deixe mais valor para a Madeira”.

Miguel Marques afirmou que isto é fundamental “porque parece que em determinados parâmetros que o número de visitantes começa atingir, em alguns meses do ano, o seu limite máximo”.

Perceber através dos números

No global dos projetos apresentados, explicou que o projeto Leme, que se materializa no documento nacional e no Zoom Madeira, visa permitir perceber, com números, se determinados aspetos da economia do mar estão a subir ou a descer.

“A única forma que encontramos para conseguir juntar neste objetivo carga contentorizada em porto, o valor do pescado, o número de turistas que chegam, é o número índice, que nos permite, no mesmo gráfico, perceber estas diferentes variáveis”, acentuou.

Referiu que têm vindo a analisar esta informação desde há 10 anos e a conclusão que obtiveram é que “a economia do mar é resiliente porque neste período, o PIB português e também o específico da Região Autónoma da Madeira, por vezes tem descido, e outras, estagnado. Mas, na economia do mar, e nestes indicadores, em todos os anos há, pelo menos 30 a 60 por cento de variáveis com comportamento favorável”.

Miguel Marques complementou que no último ano retratado, de 2015, “temos para o todo nacional, 83% dos indicadores com comportamento favorável. No caso específico da RAM, os indicadores com comportamento favorável são de 76%”.

Perante estes dados questiona se estamos num salto de paradigma e será que, para além de resiliente, a economia do mar vai ser também pujante em termos de crescimento? Respondeu ser preciso algum tempo, analisar com maior cuidado, mas “talvez possa ser uma das conclusões de futuro, que esperamos que seja”.

Reconciliar com o mar

Por seu turno, a secretária regional do Ambiente e Recursos Naturais disse que hoje, numa altura em que o país necessita de um novo impulso de crescimento, é fundamental reconciliarmo-nos com o mar, “contando com o oceano como um fator importante do nosso desenvolvimento”.

Susana Prada afirmou que existem oportunidades que devem ser aprofundadas e contributos que podem ser dados nos projetos de investigação aproveitando as plataformas laboratoriais naturais que constituem as ilhas, como a Madeira.

Além disso, a governante referiu que existem condições que devem ser abordadas no setor do pescado e da indústria alimentar, “quer através da gestão sustentável dos stocks pesqueiros, quer através da aquicultura, um nicho de mercado no qual a Madeira é já um exemplo” e disse que “existem possibilidades para diversificar a oferta no turismo costeiro e marítimo, tirando ainda mais partido da beleza natural da nossa costa, do nosso clima moderado e da nossa riqueza ambiental”.

Susana Prada apontou ainda a existência de oportunidades na área dos serviços marítimos, onde a Madeira “tem contribuído com exemplos de sucesso, como o Registo Internacional de Navios, que vem tendo um crescimento acima das expetativas”.

“Neste esforço nacional, a Madeira pode e quer dar o seu contributo, assumindo responsabilidades cada vez mais firmes na aproximação ao mar”, complementou lembrando que a aposta da Madeira na conservação e na utilização dos espaços naturais, “tem-se traduzido ao nível económico, quer na criação de emprego, quer na geração de receitas, aspetos que demonstram a importância das medidas que temos tomado, de forma a gerir este recurso tão rico e tão vasto”.

A secretária regional disse ainda que o Governo decidiu propor a criação de uma Comissão Regional para os Assuntos do Mar, integrando todas as secretarias do Governo. Uma Comissão que terá como objetivo articular compromissos em projetos de natureza multissectorial.

Em relação ao evento, recorde-se que, pelo terceiro ano consecutivo, a PwC reuniu no Auditório da Universidade da Madeira especialistas, oradores e intervenientes ativos do setor na Região para debater a economia do mar tendo por base o conjunto de indicadores e informação que a consultora tem desenvolvido nos últimos anos sobre as indústrias do mar em Portugal.

O “LEME Barómetro para a Economia do Mar” é um projeto de responsabilidade social que, segundo a entidade promotora, a PwC, “visa acompanhar a evolução da economia do mar em Portugal, analisar as tendências e as escolhas que estão a ser efetuadas pelos agentes económicos e partilhar a informação com a sociedade em geral”.

A Sociedade de Desenvolvimento da Madeira, como entidade responsável pela promoção e desenvolvimento do Registo Internacional de Navios da Madeira (MAR), desde a primeira hora que tem colaborado e apoiado a concretização desta iniciativa.

Após a apresentação da 7.ª edição do “LEME – Barómetro PwC da Economia do Mar” (com lançamento de LEME Zoom Madeira) e da 2.ª edição do LEME Mundo por Miguel Marques, seguiu-se o painel: “O Mar e o Ambiente”, com Paulo Oliveira, vice-presidente do Instituto das Florestas e Conservação da Natureza, RAM, Nuno Gouveia, da Direção Regional de Pescas da Madeira, Mafalda de Freitas, presidente do Clube Naval do Funchal, e António Moreira, presidente da Comissão Técnica do MAR.

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