A falta de mão-de-obra especializada já afeta cerca de 75% das empresas de construção do segmento das obras públicas, sendo, neste momento, o principal constrangimento à sua atividade. Esta conclusão consta do inquérito à situação do sector divulgado esta sexta-feira pela Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas (AICCOPN).
Convém explicar que essa percentagem é relativa ao terceiro trimestre de 2022 e representa um agravamento de nove pontos percentuais face à fatia de empresas que indicaram registar falta de trabalhadores nos três meses anteriores.
Além da escassez de mão-de-obra, as construtoras de obras públicas queixam-se ainda, na sua maioria (73%), do aumento dos preços das matérias-primas, da energia e dos materiais de construção. Essa fatia também cresceu face ao trimestre anterior: nesse caso, a subida foi de dois pontos percentuais.
E a estes dois constrangimentos, soma-se ainda um outro: a escassez de matérias-primas e materiais de construção, o que foi sinalizado por 43% das empresas inquiridas.
Já no segmento das obras privadas, é o aumento dos preços que mais preocupa as construtoras, tendo 83% destas sinalizado este constrangimento (mais um ponto percentual do que no trimestre anterior).
Também neste âmbito tem sido verificada falta de mão-de-obra especializada, com 82% das construtoras inquiridas a apontar essa falta, mais três pontos percentuais do que nos três meses anteriores.
De notar que a escassez de mão-de-obra tem sido um problema generalizado na economia portuguesa. Também os empregadores do turismo, do comércio, dos serviços e da agricultura têm denunciado a falta de trabalhadores adequados.
Para resolver essa situação, o Governo lançou, por exemplo, um novo visto que permite a entrada em Portugal de trabalhadores que queiram vir procurar um emprego e está a trabalhar num novo apoio para o regresso ao mercado de trabalho dos desempregados de longa duração.
No inquérito divulgado esta sexta-feira, a AICCOPN dá conta, ainda no que diz respeito às obras privadas, que a escassez das matérias primas e dos materiais de construção foi o terceiro problema mais apontado, com 46% das empresas a destacar esta dificuldade.
Por outro lado, a associação revela que, no terceiro trimestre, 68% das empresas indicaram que os seus níveis globais de atividade se mantiveram estáveis, “o que traduz um aumento de seis pontos percentuais [desse grupo] face ao observado no trimestre anterior”.
Já o número de es empresas que referem um incremento da atividade diminuiu sete pontos percentuais, para 19%, “assistindo-se, ainda, a um ligeiro incremento das empresas que assinalam um decréscimo da atividade, que passa de 12% para 13%.”