As pequenas e médias empresas (PME) portuguesas precisam de incorporar princípios de sustentabilidade nos seus modelos de negócios para aumentarem a competitividade dos seus produtos e serviços nos mercados nacional e internacional, conclui um estudo cujos resultados são apresentados na 1.ª Conferência SocioDigital Lab 2022 for Public Policy, que decorre esta terça-feira, 29 de novembro, no Iscte – Instituto Universitário de Lisboa.
Não será fácil, dado que uma fatia considerável de empresas desta dimensão desconhece “conceitos básicos relativos aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas e à
sustentabilidade dos modelos de negócios. Com efeito, 28% das PME portuguesas que participaram num estudo realizado no âmbito do projeto europeu Erasmus + CATALYST, disseram desconhecer estes conceitos.
No grupo das empresas que dizem conhecer os ODS, a maior parte limitam as suas práticas de sustentabilidade à sustentabilidade ambiental, nomeadamente a investimentos em eficiência energética ou de reciclagem de produtos e matérias primas. Para estas empresas, a sustentabilidade só é considerada quando não acarreta aumento de custos porque a maioria dos seus clientes não estão dispostos a pagar mais por produtos e/ou serviços sustentáveis.
A componente Social da sustentabilidade não é apresentada como prioridade. Segundo o estudo, cerca de 53% das PME portuguesas que conhecem os ODS, afirmam que o ODS mais importante é o ODS 8: Trabalho digno e crescimento económico. Todavia, adianta o estudo, estas PME têm dificuldade em identificar medidas efetivas que estejam a implementar neste campo, referindo-se maioritariamente a aspetos como a flexibilidade no trabalho.
Para a maioria das PME que participaram no estudo realizado, não existe uma estratégia de adaptação dos negócios aos desafios da sustentabilidade e faltam competências que permitam antecipar essa estratégia.
O projeto CATALYST (2022-2026) é desenvolvido no âmbito do “Programa Erasmus + CoVes Partnership for Excellence” e, para além do Iscte por parte de Portugal, envolve a ICAA – Associação para a Gestão do Capital Intelectual e o CENTIMFE – Centro Tecnológico da Indústria de Moldes, Ferramentas Especiais e Plásticos, num consórcio europeu constituído por 36 parceiros, liderados por instituições académicas da Alemanha, Áustria, Grécia e Macedónia do Norte.
“Falta uma visão estratégica da sustentabilidade dos modelos negócios na maioria das PME portuguesas, as quais não têm consciência do verdadeiro potencial de rentabilidade que a sustentabilidade pode ter para os seus negócios”, afirma Florinda Matos, investigadora e docente do Iscte e coordenadora portuguesa do CATALYST.
“O que estamos a preparar no âmbito deste projeto são programas de qualificação empresarial que, no interior das próprias PME, ensinem a importância de incorporar a sustentabilidade nos modelos de negócio e criem competências na gestão de negócios sustentáveis”, salienta.