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Mais de 2.500 pessoas detidas em Moscovo e São Petersburgo por protestos contra ofensiva militar russa

Apesar da intimidação das autoridades e da ameaça de pesadas penas prisão, as ações de protesto, ainda que limitadas, têm vindo a acontecer diariamente, nos últimos 10 dias, em diferentes cidades russas.
6 Março 2022, 16h07

Numa altura em que os media e as redes sociais começam a ter acesso restrito na Rússia — comprometendo o acesso a informações e notícias externas e ainda a comunicação entre os cidadãos — aumentam o número de protestos nas principais cidades russas devido ao escalar da guerra na Ucrânia.

De acordo com as autoridades locais, citadas pela agência de notícias russa “Interfax”, este domingo, foram detidas mais de 1.700 pessoas que se juntaram em Moscovo num protesto não autorizado contra o Kremlin, enquanto que uma manifestação em São Petesburgo resultou na detenção de mais de 700 pessoas.

“Cerca de 2.500 pessoas participaram numa manifestação não autorizada em Moscovo, 1.700 foram detidas. Cerca de 1.500 pessoas participaram numa manifestação na cidade de São Petersburgo, 750 delas foram detidas. Noutras regiões, um total de 1.200 pessoas participaram numa manifestação não autorizada, 1.061 foram detidos”, revelou a ministra da Administração Interna russa Irina Volk aos jornalistas domingo.

De acordo com a Lusa, também o líder da oposição russa, Alexei Navalny, exortou a população a “ignorar as proibições” e a sair para as ruas de Moscovo e São Petersburgo para exigir o fim da invasão da Ucrânia e protestar contra o presidente Putin. Numa mensagem divulgada às 14h locais, na rede social Twitter, Navalny apelou à concentração na Praça Maniezh, em Moscovo, e no histórico centro comercial Gostiny Dvor, em São Petersburgo.

Os protestos desafiam os avisos das autoridades russas a quem proteste contra a a guerra — palavra que não tem sido usada pelos media estatais que consideram a invasão à Ucrânia como uma “operação especial de desnazificação”. A procuradoria-geral da Rússia e o Ministério da Administração Interna avisaram, nas últimas horas a população para que não participe nos protestos, lembrando que, quem o fizer, será punido com penas de prisão.

Para impedir qualquer crítica ao conflito, as autoridades russas adotaram na sexta-feira uma nova lei que reprime “informações falsas” sobre as atividades do exército russo na Ucrânia. De acordo com o diploma, as penas a aplicar variam de uma multa a 15 anos de prisão.

Como resultado, ‘media’ russos e estrangeiros anunciaram a suspensão das suas atividades na Rússia.

Quem se manifesta contra a presença militar russa na Ucrânia é, também, sistematicamente alvo de multas, ao abrigo de um novo artigo do código administrativo que proíbe ações públicas “que desacreditem as forças armadas”.

Segundo a agência noticiosa Ria Novosti, um residente na Sibéria foi a primeira vítima desta nova lei: foi multado em 60.000 rublos (450 euros) por ter incentivado manifestações contra a intervenção na Ucrânia.

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