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Mais de metade das empresas nacionais teme ataque cibernéticos

Como o estudo da consultora de risco Marsh foi realizado entre o final de janeiro e início de fevereiro, o risco gerado pela pandemia da Covid-19 ainda não está refletido nestas conclusões.
7 Maio 2020, 09h00

Mais de metade, 55%, das empresas nacionais temem ataques cibernéticos, de acrodo com uum estudo da consultora Marsh, a que o Jornal Económico teve acesso, sendo esse o maior perigo identificado pelos gestores e empresários portugueses neste momento.

Como o estudo foi realizado entre o final de janeiro e início de fevereiro, o risco gerado pela pandemia da Covid-19 ainda não está refletido nestas conclusões.

Outras ameaças identificadas no estudo da Marsh, designado ‘A Visão das Empresas Portuguesas sobre os Riscos 2020’, passam pela ‘retenção de talentos’, ‘instabilidade política ou social’, ‘eventos climáticos extremos’ e ‘concorrência’.

Por outro lado, em janeiro de 2020, 16% das empresas portuguesas identificou o risco de ‘pandemia/propagação rápida de doenças infeciosas’ como um dos riscos que poderia afetar o mundo, sendo que 6% referiu ser um dos riscos que a sua empresa iria enfrentar durante o ano.

“De acordo com os resultados do mais recente estudo ‘A Visão das Empresas Portuguesas sobre os Riscos 2020’ elaborado pela Marsh Portugal, consultora de riscos e corretor de seguros, o risco de ataques cibernéticos é o que mais preocupa as empresas nacionais, quer a nível interno (que elas podem vir a enfrentar), como a nível externo (que o mundo poderá enfrentar). A recolha de dados, relacionados com a perceção das empresas, que suportam este estudo foi feita entre o mês de janeiro e o início de fevereiro de 2020, razão pela qual as preocupações demonstradas com o efeito da pandemia não estão ainda muito presentes”, destaca um comunicado da consultora de risco.

De acordo com a nota, “este estudo, que se realiza pelo sexto ano consecutivo, tem como principais objetivos identificar os potenciais riscos que as empresas consideram que o mundo e elas próprias irão enfrentar, analisando, também, a evolução do papel da gestão de riscos nas empresas portuguesas”.

“Para a realização deste estudo, a Marsh contou com a participação de 170 empresas portuguesas, pertencentes a 22 sectores de atividade, com diferentes volumes de faturação, bem como de número de colaboradores. Dentro das empresas respondentes, 81% não são cotadas em bolsa. Este estudo nacional, realizado pela Marsh Portugal, pretende fazer uma ponte com o ‘Global Risks Report 2020’, desenvolvido pelo World Economic Forum e que contou com o apoio de parceiros estratégicos na sua elaboração, como o Grupo Marsh & McLennan”, asseguram os responsáveis da consultora.

Os resultados dos estudos ‘A Visão das Empresas Portuguesas sobre os Riscos 2020’ e do ‘Global Risks Report 2020’ são apresentados hoje, dia 6 de maio, pela Marsh no evento ‘Raio-X aos Riscos 2020’.

A seguir aos ataques cibernéticos em grande escala, as outras ameaças referidas são os ‘eventos climáticos extremos’, com 39% e, em terceiro lugar, as ‘crises fiscais e financeiras em economias chave’, com 37%. Em quarto lugar, com 32%, os ‘ataques terroristas em larga escala’; e em quinto, a ‘instabilidade social profunda’, com 26%.

“Ao analisar a evolução dos resultados ao longo dos últimos cinco anos anos, o risco ‘ataques cibernéticos em grande escala’ tem-se mantido em primeiro lugar, no ‘top’ das preocupações dos empresários, desde 2018. Os riscos ambientais, que este ano ganharam forte destaque no ‘Global Risks Report’, têm estado presentes nas respostas dos empresários ao longo dos últimos cinco anos, através do risco de ‘eventos climáticos extremos’, que se mantém até 2020, e sempre com mais de 30% de respostas”, assinalam os responsáveis da Marsh.

Fernando Chaves, especialista de risco da Marsh, comenta que “este nível de resposta é para nós bastante relevante, não só porque as respostas foram dadas numa altura em que o surto de Covid-19 estava ainda confinado ao território da China, mas especialmente porque entendemos a dificuldade de selecionar cinco riscos, entre muitos outros que podem ser igualmente relevantes e com maior probabilidade de se tornarem reais”.

“2020 ficará marcado nas nossas vidas, como o ano em que o mundo parou para lutar contra uma pandemia. Um ano que está a ser um desafio enorme para todos, sem exceção, e os próximos meses podem continuar a ser asfixiantes para muitas empresas. Assistiremos a um maior número de ataques cibernéticos aos sistemas informáticos estatais e da generalidade de empresas e particulares, criando ainda maior disrupção e riqueza para organizações criminosas e terroristas. Serão tempos em que as forças políticas podem mudar de posição e as lutas pelo poder poderão dar origem a novas esperanças ou ainda maiores receios”, alerta este respinsável da Marsh.

No estudo efetuado pela Marshm concui-se também que cerca de 90% das empresas inquiridas afirma que a importância dada pela sua organização à gestão de riscos é suficiente ou elevada.

“Este indicativo, bastante positivo, revela que, muito provavelmente, as empresas portuguesas estão a investir cada vez mais na gestão de riscos, tornando-se mais bem-sucedidas e, sobretudo, mais resilientes a eventos atípicos, como este que estamos a vivenciar nos últimos meses. Relativamente aos valores orçamentados para a gestão de riscos em 2020, 35% das empresas afirma ter aumentado e 44% afirma ter estabilizado. Este é, também, um bom indicador das empresas nacionais, ainda que com margem de progressão, considerando os 20% de respostas a dar nota não saber ou poder comparar com o ano anterior”, salienta o comunicado da consultora.

Por seu turno, Rodrigo Simões de Almeida, ‘country manager’ da Marsh Portugal, afirma que “a gestão de riscos é uma peça crucial nos modelos de gestão”.

“A gestão de riscos está a experienciar um bom momento, algo que pode ser testemunhado nos resultados deste estudo. No entanto, a difusão de ‘Enterprise Risk Management’ (ERM) ainda não é homogénea e o momento de pandemia que vivemos veio stressar os modelos de ERM, nomeadamente do ponto de vista preditivo, bem como de quantificação, o que nos próximos anos se poderá refletir num aumento do investimento nesta matéria. As empresas com uma gestão de riscos bem implementada são as mais resilientes em momentos difíceis como o que vivemos. E talvez por isso, continuam a encontrar oportunidades para continuarem a crescer”, defedne este responsável.

A Marsh afirma-se como a líder mundial em consultoria de risco e corretagem de seguros.

Com mais de 35.000 colaboradores a operar em mais de 130 países, a Marsh é uma empresa da Marsh & McLennan Companies, um grupo com receitas anuais de aproximadamente 15,6 mil milhões de euros e 76 mil colaboradores em todo o mundo, que engloba outras empresas a Guy Carpenter, Mercer e Oliver Wyman.

 

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