É uma discussão recorrente no sector financeiro em Portugal: porque é que não há mais empresas com escala a entrarem no mercado de capitais? O tema voltou hoje a ser debatido na conferência anual da CMVM, com o presidente executivo de uma cotada a dar a sua opinião.
“Não podem ser medidas tímidas, tem de haver medidas muito mais fortes, como reduzir a carga fiscal sobre investidores e reduzir taxas de impostos sobre emitentes”, começou por dizer hoje o presidente da Greenvolt.
“Se calhar daqui a um ano estamos a dizer o mesmo, quando há empresas excelentes nossas portuguesas que poderiam recorrer ao mercado de capitais”, afirmou João Manso Neto.
“Se se quiser fazer transformação, não é com coisinhas. Tem de haver medidas discriminatórias positivas. É logico? se calhar não. É necessário? Se calhar é”, acrescentou.
A Greenvolt foi a empresa mais recente a fazer a sua estreia no índice principal da bolsa de Lisboa, tendo começado a negociar em setembro de 2021. Manso Neto recordou hoje esse processo: “Dizem que ‘Portugal é muito complicado para obter autorizações’. Não foi, houve um diálogo construtivo com a CMVM e a Euronext. Foi possível atrair capitais internacionais, mas também portugueses. Em Portugal, também há capital”.
“Temos o país do tamanho que temos, com a banca concentrada, o mercado de capitais devia ser um incentivo. Se amanhã houver redução do número de bancos em Portugal, vai ser um problema”, alertou.
A CMVM realizou hoje a sua conferência anual dedicada ao tema “Um futuro mais aberto ao mercado”, com o objetivo de promover a discussão e o conhecimento em torno do mercado de capitais ao serviço do crescimento e do desenvolvimento sustentável.