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Mais pessimista do que o Governo, BdP vê economia a crescer 3,9% em 2021

No Boletim Económico de dezembro, o regulador mantém a projeção de uma contração do PIB de 8,1% este ano e projeta uma recuperação de 4,5% em 2022 e 2,4% em 2023.
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    José Sena Goulão/Lusa
14 Dezembro 2020, 16h04

O Banco de Portugal (BdP) está mais pessimista do que o Governo e prevê uma recuperação da economia de 3,9% em 2021, abaixo dos 5,4% previstos pelo Executivo no Orçamento do Estado para 2021 (OE2021).  No Boletim Económico de dezembro, publicado esta segunda-feira, o regulador mantém a projeção de uma contração do PIB de 8,1% este ano e projeta uma recuperação de 4,5% em 2022 e 2,4% em 2023.

O BdP é a instituição mais otimista para as estimativas do PIB deste ano, com uma quebra menor do que a projetada pelo Governo, que está a contar com uma queda do PIB de 8,5% este ano. O Conselho das Finanças Públicas (CFP) estima uma queda de 9,3%, bem como a Comissão Europeia, enquanto a OCDE prevê uma contração de 8,4%. Já o FMI projeta um recuo do PIB de 10%.

“As projeções mantêm a estimativa para o PIB de 2020 divulgada em outubro, devido à conjugação de dois fatores de sentido oposto: a recuperação no terceiro trimestre foi superior ao antecipado, mas a evolução da pandemia e das medidas de contenção levaram à revisão em baixa da atividade no quarto trimestre”, explica o regulador.

Para 2021, as Finanças já vêem a economia a crescer 5,4%, em linha com o estimado por Bruxelas. Já o CFP antecipa uma expansão de 4,8%, enquanto o FMI de 6,5%. A OCDE é a instituição internacional mais pessimista projetando um crescimento de 1,7%.

As projeções do regulador assumem que as restrições são gradualmente retiradas a partir do primeiro trimestre de 2021, embora a atividade permaneça condicionada até ao início de 2022, altura em que considera que a vacina terá produzido os efeitos necessários contra a pandemia.

“A atividade económica deverá retomar o nível anterior à pandemia no final de 2022”, considera o BdP, vincando que “a retoma projetada beneficia das decisões de política monetária e orçamental de resposta à crise”.

O regulador perspetiva que a melhoria da atividade económica se irá refletir no mercado de trabalho, com um aumento do emprego a partir de meados do próximo ano e de forma gradual entre 2021 e 2023. Neste sentido, também a taxa de desemprego aumenta para 7,2% em 2020 e 8,8% em 2021, reduzindo-se para 7,4% em 2023.

O governador do Banco de Portugal (BdP), Mário Centeno, salientou durante a apresentação do boletim que “esta recessão tem uma dinâmica muito distinta das recessões precedentes”.

“Se compararmos com a recessão de 2011, a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) manteve um comportamento resiliente. Foi a componente do PIB que mais caiu na última recessão e tem tido um comportamento bastante contido durante o ano de 2020 e iniciará uma recuperação já em 2021”, disse. O BdP projeta que a FBCF caia 2,8% em 2020, após o que cresce a uma taxa média de 3,9% em 2021-23, “sustentada pelas medidas de apoio às empresas e pelo recebimento de fundos europeus”.

Se o consumo privado cai 6,8% este ano, o BdP estima que com o desvanecer das medidas de contenção cresça ao longo do período 2021-23, pelo que o consumo público irá crescer em todos os anos do horizonte de projeção.

Já as exportações de bens e serviços têm uma quebra de 20,1% este ano, recuperando nos anos seguintes, com crescimento acumulado de 31,5% até 2023.

“A dissipação gradual das medidas de distanciamento social implicam uma recuperação mais lenta das exportações de turismo e serviços relacionados. Projeta-se que as importações de bens e serviços se reduzam 14,4% em 2020 e aumentem 24,7% até 2023”, refere.

O regulador sublinha ainda que “as perspetivas económicas permanecem rodeadas de elevada incerteza, estando dependentes da evolução da pandemia e da rapidez da vacinação em larga escala. O ritmo da retoma da atividade económica será condicionado pelo impacto da crise sobre a capacidade produtiva e pela necessária reafectação de recursos entre empresas e entre setores”.

“O aumento do endividamento público e privado e do risco de crédito colocam desafios importantes à economia portuguesa nos próximos anos. As políticas nacionais e supranacionais vão continuar a ter um papel fundamental na recuperação e resiliência da economia nacional, devendo promover a retoma do investimento e a correta afetação de recursos”, frisa.

(Atualizado às 17h29)

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