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Mais robôs já não garantem mais eficiência nas fábricas de automóveis

Nas secções que já são altamente robotizadas, muitas vezes os processos são ineficientes, ora por causa dos custos envolvidos, ora pelo tempo demorado a concluir determinadas tarefas
2 Outubro 2019, 07h43

Na fábrica de produção em Spartanburg, na Carolina do Sul, os automóveis da BMW percorrem cerca de seis quilómetros da linha de montagem para serem pintados por mais de cem robôs que ‘trabalham’ em turnos de doze horas.

Apesar do avanço da tecnologia no fabrico de viaturas, o caso é paradigmático da ineficiência do processo de produção do setor automóvel. “Hoje em dia, na maioria dos mercados maduros, mais de 90% do processo de pintura é robotizado, mas continua a ser uma das secções de fábrica mais caras e que mais espaço ocupam”, referem Ron Harbour e Jim Schmidt, vice-presidentes da Oliver Wyman para as indústrias automóvel e de produção.

Num artigo intitulado “As fábricas do futuro precisam de melhores processos e não apenas de melhores robôs”, os autores defendem que a evolução da eficiência na produção de automóveis já não depende apenas de avanços na automação porque “a maioria das tarefas que podem ser robotizadas numa fábrica de automóveis já o foram”, argumentam os vice-presidentes da Oliver Wyman.

Uma fábrica de automóveis divide-se em três grandes secções – carroçaria, pintura e montagem. Enquanto as duas primeiras já são entregues em grande parte aos robôs, a montagem permanece na mão dos humanos. Mas, mesmo nas secções que já são altamente robotizadas, muitas vezes os processos são ineficientes, ora por causa dos custos envolvidos, ora pelo tempo demorado a concluir determinadas tarefas – como no exemplo da pintura na fábrica da BMW em Spartanburg.

Os autores defendem que qualquer “salto qualitativo” para incrementar a eficiência na produção de automóveis depende de melhores processos. Por exemplo, é possível que no processo de pintura da carroçaria, se passe a utilizar a imprimir em três dimensões o carro logo na cor encomendada pelo cliente.

Na linha de montagem, onde trabalham dois terços dos humanos, a eletrificação do parque automóvel vai alterar o paradigma nesta secção das fábricas de veículos. “A automação desta secção é difícil porque a customização e a complexidade dos automóveis atuais necessitam da flexibilidade que só os humanos conseguem oferecer”, lê-se no artigo da Oliver Wyman.

“Muitas fábricas produzem diversos modelos simultaneamente e esse mix é alterado com frequência e depende da procura dos modelos. Teria um custo elevado – se possível – reprogramar os robôs e as máquinas para ajustarem-se às alterações diárias da produção de automóveis”, explicam os autores.

Mas o carro elétrico envolve apenas uma bateria e um motor elétrico, retirando complexidade no processo de montagem. “Estas tarefas mais simples poderão ser delegadas aos robôs”. Além disso, a eletrificação dos veículos terá outra consequência: mais cabos e fios elétricos nas fábricas, porque os sistemas elétricos da nova geração de automóveis necessitam de transmitir mais dados, de forma mais rápida e fiável.

Par as fábricas de produção de carros elétricos não se trata apenas de robotizar alguns processos de produção, mas antes de redesenhar inteiramente novos processos de produção. Por exemplo, a transmissão de dados para os sistemas elétricos poderá ser feita sem fios, com os sistemas elétricos a serem operados através de módulos elétricos ou conectados através da cloud, antecipam os autores.

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