[weglot_switcher]

Makro quer apanhar boleia do turismo

Grupo Metro, que detém a marca de distribuição grossista, reforça aposta em Portugal com melhorias no serviço de entregas. Multinacional anunciou reestruturação a nível global.
16 Dezembro 2016, 03h19

O crescimento do turismo em Portugal comporta óbvios benefícios para as empresas, nacionais ou não, que operam no país. A grossista Makro, cujo enfoque no mercado português é o abastecimento do canal Horeca (hotéis, restaurantes e cafés), vê com bons olhos o incremento do fluxo de turistas em Portugal.

“Na posição que ocupamos no mercado português, servir o setor da hospitalidade é muito bom. Estamos convencidos de que o mercado do turismo em Portugal tem muito valor e, embora acreditemos que não existe publicidade suficiente a Portugal nos outros países, para a Metro [empresa detentora da marca Makro] é muito bom que haja muito turismo”, diz Philippe Palazzi, ‘operating partner’ para França, Espanha e Portugal, em declarações ao Jornal Económico durante o ‘Capital Markets Day’ do grupo Metro, que teve lugar na cidade alemã de Düsseldorf, na quinta-feira.

De acordo com o responsável, a Metro espera beneficiar do crescimento do turismo em Portugal, já que o enfoque da empresa no setor da hospitalidade “é perfeito” para o mercado português. “O potencial do país é bom para nós. Podemos desempenhar um papel chave em Portugal e achamos que pode ser altamente rentável”, adiantou Palazzi.
Como tal, está previsto um aumento do investimento em Portugal, embora este plano não se traduza na abertura de novas lojas, pelo menos para já. “Se surgir uma boa oportunidade” – ponderou Philippe Palazzi – “porque não?” Nos planos da empresa está, sim, investir na melhoria do serviço de entregas.

Transformações no grupo
“Em países como Espanha, Itália, França e Portugal, entre 60% a 70% das necessidades do clientes do canal Horeca podem ser respondidas através do serviço de entregas. Vamos desenvolver os nossos armazéns, em paralelo com o nosso serviço de entregas. É aí que vamos investir dinheiro, tempo e recursos”, informou o responsável, que não falou, contudo, em valores concretos.

O grande anúncio do ‘Capital Markets Day’ do grupo alemão Metro, que está presente em Portugal, além da Makro, com a Media Markt, foi a reestruturação do grupo, que resulta na cisão em duas novas unidades: a Ceconomy e a Metro. A Ceconomy vai focar-se na eletrónica de consumo e engloba todas as marcas relacionadas com esta área, entre as quais a Media Markt, presente em Portugal com nove lojas, a Saturn e a Redcoon. Registam, em conjunto e a nível global, vendas de 37 mil milhões de euros, com presença em 25 países.

A Metro, que herda o nome do grupo, é dedicada à venda por grosso de bens alimentares e alberga as marcas Metro, Makro e Real, entre outras. Com 22 milhões de euros de vendas a nível global, está presente em 15 países. O objetivo da separação passa pelo maior e mais preciso enfoque nos respetivos mercados em que cada uma opera e contempla uma estratégia operativa e financeira independente para cada uma das divisões.

Olaf Koch, até agora presidente do conselho de administração do grupo Metro, apresentou a cisão como uma “consequência lógica da transformação operada em 2012”, relacionada com o enfoque na “procura de maior valor para o consumidor”. É essa a expectativa para a reestruturação que será votada na assembleia geral do grupo, em fevereiro de 2017, e que deverá estar concluída em meados do mesmo ano.

Marcas mantêm-se
O nome e a imagem das marcas presentes no mercado são para manter, pelo que a divisão não será percecionada pelos clientes, e foi pensada numa lógica exclusiva de operacionalização do negócio e de organização interna. “Dentro das lojas não vamos ver nenhuma diferença. A verdadeira diferença tem a ver com a forma como operamos daqui para a frente”, explicou Philippe Palazzi. E, mesmo que dos planos da empresa-mãe fizesse parte um ‘rebranding’, o responsável internacional pelo mercado português “nunca mudaria o nome da Makro”: “Portugal é o único país onde apanho um táxi no aeroporto e, ao pedir que me levem à Makro, todos sabem onde é. A marca é muito forte.”

Em Portugal, o grupo agora dividido emprega, no total, 1543 funcionários (939 na Makro e 604 na Media Markt). Ao todo, são 19 lojas e vendas na ordem dos 469 milhões de euros (345 milhões de euros correspondem aos resultados da grossista e 124 milhões à insígnia de eletrónica de consumo).

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.