Estreia no Porto a dia 20 de janeiro, o ritual-recital-performático III ou “um lugar que eu digo saber inventar”, uma performance de Jamile Cazumbá, onde o transe serve como ponto de ignição para uma revisita à memória inteligível dos corpos.
Jamile é uma multiartista que transita entre as artes visuais e cénicas, a curadoria, a produção e o cinema. Atualmente dedica-se, sobretudo, a ‘obras-processo’, nas quais, tendo como suporte a performance, o desenho e a linguagem, investiga as memórias inscritas nos corpos de mulheres negras, na confluência com as expressões visuais.
“Viver é transitar entre uma teia de camadas que se enviesam e coreografam o existir. É o corpo que circula, apreende e repele cada passo da costura. É no corpo que experiencio a liberdade e as amarras dos movimentos. A cada passo o meu corpo sente e prevê o peso e a leveza da sua presença: O peso de ser um corpo gerado, criado, e vívido na Bahia, território mais letal do nordeste, onde 100% das pessoas mortas por polícias, são pretas”, explica Jamile Cazumbá.
“O peso de ser um corpo feminino preto que vive em fronteiras de guerra onde o estigma se converte em dados numéricos de 61,8%. Meu corpo preto-pêndulo sente o peso da possibilidade de não mais existir. Meu corpo preto-pêndulo sente a leveza da possibilidade da presença. Proponho uma ação de conversão, onde os gráficos de morte se transformem em gráficos de vida, meu corpo-gráfico, minha língua-gráfico, meu desenho-gráfico: um ritual-recital-performático”, acrescenta a artista.
A produção é de Isabél Zuaa, a música original de Filipe Mimoso e o figurino de Teresa Abreu.
A performance terá lugar na Mala Voadora, na Rua do Almada, número 277, no Porto na próxima sexta, dia 20 de janeiro, pelas 19h00.
Os bilhetes custam cinco ou três euros (com descontos) e as reservas podem ser feitas através dó email: reservas@malavoadora.pt