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Manuel Heitor: um adeus à governação com ganhos na ciência e o maior número de sempre de alunos no ensino superior

Ministro desde o início da governação de António Costa, colocou Portugal no caminho para atingir a meta de, até 2030, ter seis em cada dez jovens de 20 anos a estudar no ensino superior e impulsionou a ciência, nomeadamente através da criação dos laboratórios colaborativos.
  • Manuel Heitor, Ministro das Ciências Tecnologias e Ensino Superior
23 Março 2022, 20h36

Manuel Heitor foi aplaudido por docentes e investigadores quando, em novembro de 2015, tomou posse como ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior. Esperavam o fim da precariedade laboral nos empregos científicos, a implementação de um regime próprio para professores e investigadores do ensino superior privado e mais financiamento nestas áreas do conhecimento.

Nem tudo foi conseguido. Apesar das críticas do sector, há avanços significativos a registar. Segundo dados oficiais, a despesa total em atividades de investigação e desenvolvimento (I&D) atingiu em 2020 um novo máximo histórico de 3.203 milhões de euros, representando 1,6% do PIB, mais 211 milhões de euros do que no ano anterior. A meta é atingir em 2030 os 3% do PIB em gastos com I&D.

No Palácio das Laranjeiras, Manuel Heitor esteve perto de 13 anos ao serviço da ciência e do ensino superior, o que faz dele um dos governantes com mais tempo dedicado ao sector. Antes de integrar o Governo de António Costa, em 2015, foi secretário de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, entre março de 2005 e junho de 2011.

O principal pilar da sua política tem sido a promoção da cultura científica e tecnológica, na linha de Mariano Gago, de quem foi secretário de Estado. Já ele foi acompanhado por Fernanda Rollo, primeiro, e João Sobrinho Teixeira, depois.

Impulsionou a ciência, criando os laboratórios colaborativos. Defensor acérrimo da carreira de investigadores na Europa e da necessidade de reforçar o lugar da investigação no plano de recuperação europeu para garantir à Europa “resiliência duradoura”, é igualmente um grande impulsionador da mobilidade estudantil e do projeto Universidades Europeias, bem como da internacionalização do ensino superior português.

Reclama como vitórias da governação socialista a subida do número de licenciados e de candidaturas no ensino superior, que no ano passado atingiram o número mais alto de sempre, e o grande desenvolvimento dos politécnicos. Recentemente disse em entrevista ao Diário de Notícias: “Há um aspeto claro, que os números mostram bem, e que resultou das alterações legislativas que fizemos em 2017 e 2018, que foi abrir o ensino superior, sobretudo através daquilo que eu chamaria o ensino superior de proximidade. Em 2015, tínhamos oferta de ensino superior em 40 municípios, neste ano tivemos 129 e, no próximo ano letivo, a partir de outubro, a oferta de ensino superior será em 134 localidades. Portanto, triplicámos a capacidade de oferta do ensino superior com o ensino superior de proximidade. Chegámos a 30% dos municípios”.

Desafiou o satus quo e alargou o ensino da Medicina no país. Na mesma entrevista prometeu não ficar por aqui. “Espero que cheguemos a 2023 com a possibilidade, ou as oportunidades, de virmos a ter três novas escolas de ensino da Medicina, nomeadamente em Aveiro, Vila Real e na Universidade de Évora.”

Por diversas vezes tem alertado para o grande desafio do País: tornar-se criador e apostar na formação ao longo da vida. Perante a “depressão demográfica inédita em Portugal” que vamos ter “nas próximas décadas” – “temos cerca de 112 mil jovens em Portugal com 20 anos e em 2030, se não houver nenhuma progressão migratória, teremos 85 mil jovens com 20 anos em Portugal” -, diz  Manuel Heitor  “não há outra solução se não cada vez mais formarmos mais pessoas”.

Nascido em setembro de 1958, doutorado pelo Imperial College de Londres em Engenharia Mecânica (Combustão Experimental, 1985), Manuel Heitor é professor catedrático do Instituto Superior Técnico. Coordenou, entre outros, os Programas de doutoramento do IST em Engenharia e Políticas Públicas e em Engenharia de Conceção e Sistemas Avançados de Manufatura. Foi Research Fellow da Universidade do Texas em Austin, no Instituto IC2, Innovation, Creativity and Capital, e durante o ano letivo 2011/12 foi Professor Visitante na Universidade de Harvard, ambas nos Estados Unidos da América.

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