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Manuel Pinho confessa uso de “habilidade” para esconder património quando foi para o Governo

“Assumo que usei de uma ‘habilidade’ para não revelar totalmente o meu património quando entrei para o Governo. Não o devia ter feito”, disse Manuel Pinho em documentos apreendidos pelo Ministério Público, revela o “Observador”.
30 Março 2022, 09h23

O ex-ministro Manuel Pinho terá confessado uma “habilidade” especial que fez para não revelar o seu património quando foi para o Governo de Sócrates, continuando a receber 15 mil euros por mês do “saco azul” do GES, revela o “Observador”, tendo como base documentos apreendidos pelo Ministério Público (MP).

Na explicação apreendida pelo MP, Manuel Pinho assume que a sua ação é “moralmente condenável” e que “não o devia ter feito” em quaisquer circunstâncias. “Assumo que usei de uma ‘habilidade’ para não revelar totalmente o meu património quando entrei para o Governo. Não o devia ter feito, mas a contrapartida teria sido continuar a gozar de um lugar tremendamente bem pago e em que fazia pouco, usufruir de férias de luxo e viajar em classe negócios”, lê-se num dos três documentos. De acordo com a publicação, este lugar “bem pago e em que fazia pouco” era o cargo de administrador executivo do Banco Espírito Santo e de outras sociedades do grupo em Portugal e no estrangeiro. A partir do momento em que se tornou ministro da Economia de José Sócrates, em 2005, Manuel Pinho escolheu varrer para debaixo do tapete qualquer evidência do seu património.

Posto isto, optou por criar a Tartaruga Foundation, uma offshore onde escondeu o dinheiro, ou a forma “habilidosa de não ter de declarar as minhas poupanças no exterior”. Seria para esta conta que Ricardo Salgado transferia os 15 mil euros mensais, dinheiro que o ex-ministro admite não conhecer por não receber extratos bancários e transferências essas que terá pedido para Salgado parar, apesar de terem continuado até ao fim do mandato. O “Observador” confrontou o advogado de Manuel Pinho com os documentos apreendidos pelo MP, mas Ricardo Sá Fernandes optou por não abordar nenhuma das afirmações escritas por Manuel Pinho. “Não posso nem devo comentar o material apreendido pelo Ministério Público. Contudo, em defesa da dignidade do meu cliente, posso adiantar que o MP está na posse de informação que contradiz, total e incontornavelmente, as teses que tem defendido”, sustentou à publicação.

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