Marcelo Rebelo de Sousa encerrou a conferência falando do tema “um futuro mais aberto ao mercado”. Numa transmissão em vídeo, o Presidente da República abordou o contexto de elevada incerteza, em várias vertentes.
“À CMVM o que se pede é estar à frente, é antecipar os acontecimentos”, defendeu o Presidente da República que lembrou que “a grande constante dos nossos tempos é a mudança”.
“Olhemos para as áreas de intervenção da CMVM, as tradicionais e aquelas que os tempos contemporâneos vão ditar”, começou por salientar o Chefe de Estado.
“A subida das taxas de juro e o impacto na dívida pública e privada, os avanços tecnológicos e digitais, o ressurgimento de novas formas de ativos, a digitalização do sistema financeiro, a inovação dos modelos de negócio, os novos produtos financeiros, os criptoativos, a cibersegurança, a sustentabilidade económica, social e ambiental, darão arquitetura económica e financeira completamente diferente”, disse. “Esse desafio de atualização permanente, se possível de antecipação das mudanças amplia as responsabilidades da supervisão, bem com da agilidade de adaptação às realidades que é preciso enfrentar”, acrescentou Marcelo Rebelo de Sousa.
O Presidente da República apelou ao necessário reforço do papel do mercados de capitais como alternativa de financiamento para as empresas e como alternativa de aplicação de poupança das famílias.
A par do desenvolvimento tecnológico, das mudanças europeias no quadro regulamentar e jurídico, “há pois aqui uma peça decisiva para a CMVM [e para Portugal] que é o reforço do capital humano”, defendeu Marcelo. “Sem esse reforço todos os desafios que temos de enfrentar podem redundar em oportunidades perdidas na mudança para um país muitíssimo melhor”, alertou o Presidente.
A formação de recursos humanos é por isso muito importante na opinião do chefe de Estado.
A literacia financeira e partilha de conhecimento “são decisivas”, disse ainda.
“O futuro já está a exigir muitíssimo do presente”, frisou o Presidente da República que aproveitou para deixar recados ao Governo. “Haverá mais dificuldades, mas também mais oportunidades, mas as oportunidades só o serão se ultrapassarmos os bloqueios estruturais que o país ainda apresenta e que teimam em permanecer” disse Marcelo que citou como exemplos o défice demográfico, a dificuldade de rejuvenescimento das instituições, o elevado endividamento público e privado, a reduzida taxa de poupança, a insuficiente confiança e atratividade do mercado de capitais, a pulverização dos atores económico e até financeiros”
“Tudo isto são factores para repensar o nosso tecido económico e social”, referiu.
No que toca ao mercado de capitais, Marcelo defende “diferentes tipos de produtos com perfis de riscos adequados aos diferentes tipos de investidores, sem que haja disrupções e de forma a reformar a confiança dos investidores”.
A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) realizou hoje, dia 23 de maio, na Fundação Calouste Gulbenkian, a sua Conferência Anual dedicada ao tema “Um futuro mais aberto ao mercado”.