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Marcelo dá posse a novo Governo de Costa mas deixa recado: portugueses escolheram “maioria absoluta”, não o “poder absoluto”

O Presidente da República admitiu que “são muitas missões para tão pouco tempo e marcado por tantos difíceis embates” e avisou Costa de que não deve deixar Governo “a meio do caminho”.
  • epa09860830 The secretary-general of Portuguese Socialist Party and the Prime-Minister, Antonio Costa (R), greets Portuguese President, Marcelo Rebelo de Sousa, during the swearing in cerimony of the XXIII Constititional Government held at Ajuda Palace, Lisbon, Portugal, 30 March 2022. This is the third government headed by Antonio Costa, after winning the 30 January legislative elections with an absolute majority. EPA/MIGUEL A. LOPES
30 Março 2022, 18h06

Marcelo Rebelo de Sousa deu posse esta quarta-feira ao XXIII Governo Constitucional, o terceiro de António Costa.

Depois de listar os vários desafios deste novo Governo durante o seu discurso no Palácio da Ajuda — desde a pandemia à guerra na Ucrânia —  o Presidente da República admitiu que “são muitas missões para tão pouco tempo e marcado por tantos difíceis embates”, relembrando que os portugueses “escolheram não manter o que havia” e decidiram mudar o Governo que estava em funções. No entanto, Marcelo lembrou António Costa que uma maioria absoluta não significa “poder absoluto”.

“Não lhe deram nem poder absoluto nem ditadura de maioria. E na maioria absoluta cabem todos os diálogos sociais”, alertou Marcelo, aproveitando o momento para frisar também que Costa não deve deixar Governo “a meio do caminho”.

O Chefe de Estado salientou que os portugueses “escolheram não manter o que havia, mas mudar”, elegendo, para além de uma maioria absoluta, um partido e um homem. O Presidente da República disse  vai manter a sua maneira de exercer o cargo, em busca da estabilidade, do compromisso, com base na auscultação e no pluralismo, vigiando e unindo.

Num discurso que abriu com a guerra da Rússia na Ucrânia, que condenou veemente, Marcelo salientou que é num mundo “em busca da paz” que se começa um novo ciclo.

“[É essencial] não esquecer estes dois anos de pandemia e de guerra, que não somos uma ilha ou um oásis imune ao que se passa à nossa volta”. Deve-se, entre outras coisa, “garantir que se protejam os custos dos bens básicos, agravados pela guerra”, para que não saiamos da pandemia da saúde para uma de inflação, de  crescimento enfraquecido, de estagflação.

Pede ao Governo que os fundos de Bruxelas avancem “rápido no terreno, para remendar o que há para remendar, mas sobretudo construir o que há para construir”, e de modo a quebrar cadeias de pobreza, de emigração, de isolamento e discriminação. Urge a aposta “num crescimento sólido e duradouro” e sugere reformas no SNS, na Justiça, no sistema eleitoral “para que cá dentro e lá fora nos sintamos verdadeiramente representados e com idênticas oportunidades de exprimir as nossas escolhas”.

No fim, desejando boa sorte ao governo possante, pede humildade, desapego pessoal, resistência, asserto nos recursos humanos e nos meios de ação, espírito reformista e a crença num futuro melhor para todos os milhões de portugueses “que não desistiram e nunca desistirão de Portugal”.

Atualizada às 18:40

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