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Marcelo Rebelo de Sousa: “O candidato só pode e deve dizer aquilo que pode e deve dizer enquanto Presidente da República que é”

Chefe de Estado recusou-se a dizer, em entrevista à TVI, se considera que Eduardo Cabrita tem condições para ficar no Governo. E disse que a maior diferença em relação à saída de Constança Urbano de Sousa aquando dos incêndios florestais de 2017, é que “não tem conhecimento de um pedido ou proposta de exoneração do ministro da Administração Interna”.
21 Dezembro 2020, 21h24

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, recusou-se a responder se Eduardo Cabrita deveria ter deixado de ser ministro da Administração Interna numa entrevista à TVI, justificando que se trata de um “candidato que é também Presidente da República que é”.

“O candidato só pode e deve dizer aquilo que pode e deve dizer enquanto Presidente”, disse Marcelo Rebelo de Sousa, recordando que Eduardo Cabrita não pediu a exoneração na sequência da morte do ucraniano Ihor Homeniuk, que terá sido torturado e assassinado quando estava detido pelo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) no aeroporto de Lisboa, e acrescentando que também o primeiro-ministro António Costa não lhe colocou tal hipótese.

Confrontando pelo entrevistador com a diferença entre a sua atuação para com Eduardo Cabrita e aquela que teve em 2017, aquando dos incêndios florestais que provocaram a morte a mais de uma centena de portugueses, Marcelo Rebelo de Sousa defendeu que “na altura disse que não valia a pena pensar que quem exerceu funções na Administração Pública que tinham levado àquele resultado deveria continuar”, tendo na sequência dessas declarações a então titular da pasta, Constança Urbano de Sousa, pedido a sua exoneração ao primeiro-ministro. “Não tenho conhecimento de pedido ou proposta de exoneração do ministro da Administração Interna”, atalhou o Presidente da República.

A entrevista conduzida por Anselmo Crespo começou com perguntas sobre o roubo das armas dos Paióis Nacionais de Tancos, tendo Marcelo Rebelo de Sousa negado que o antigo chefe da Casa Militar da Presidência da República lhe tenha dado conhecimento antecipado da encenação que levou à recuperação do material bélico. Sobre o ex-ministro da Defesa, Azeredo Lopes, que responde na justiça por denegação de justiça, prevaricação, favorecimento pessoal praticado por funcionário, abuso de poder e denegação de justiça, o candidato à reeleição disse que este “nunca deu sinal de que sabia o que se tinha passado em Tancos”.

Quanto à notícia sobre a descoberta das armas, Marcelo partilhou uma reflexão que teve nesse dia: “Olha que coincidência temporal esta! Num momento que temos um problema enorme, pois o foi o dia da segunda vaga de fogos, que culminou no pedido de exoneração da senhora ministra da Administração Interna e na remodelação feita pelo primeiro-ministro, de repente onde havia duas frentes passou a haver só uma. Mas que coincidência. Para quem é crente é providência divina; para quem não é crente é um acaso muito curioso. Como sou crente, dou o benefício da dúvida à providência divina.”

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