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Mariana Mortágua acusa André Ventura de estar “comprometido até ao pescoço” com negócios obscuros da banca

A deputada do Bloco de Esquerda aproveitou o anúncio de que o partido vai aprovar todas as propostas de inquérito parlamentar ao Novo Banco, incluindo a do Chega, para defender a necessidade de se investigar todas as “influências e obscuros interesses privados” nos partidos e acusar André Ventura de ser “um político do pior que o sistema tem”.
  • Cristina Bernardo
25 Setembro 2020, 12h49

O Bloco de Esquerda (BE) anunciou esta sexta-feira que vai votar a favor de todas as propostas de criação de comissão de inquérito, incluindo a do Chega, que se propõe a investigar o financiamento de campanhas políticas pelo Grupo Espírito Santo (GES). Para o BE, é preciso investigar todas as “influências e obscuros interesses privados” nos partidos, incluindo no Chega de André Ventura, que classificam como “um político do pior que o sistema tem”.

“Queremos investigar influências e obscuros interesses privados nos partidos políticos. Além do passado, vamos aproveitar para investigar e conhecer melhor os negócios dos dirigentes do Chega e a origem do financiamento do seu partido. Façamos já essa investigação”, instou a deputada bloquista Mariana Mortágua, na discussão sobre as propostas de criação de uma comissão de inquérito ao Novo Banco, na Assembleia da República.

Em cima da mesa estavam quatro propostas de inquérito parlamentar, apresentadas pelo Chega, BE, Partido Socialista (PS) e Iniciativa Liberal.

A proposta do Chega, a que se referia Mariana Mortágua em específico, tem como objetivo “averiguar sobre o financiamento ilícito de todas as campanhas eleitorais onde eventualmente surjam ligações ao BES/GES, bem como escrutinar e avaliar as operações de alienação de ativos desenvolvidas pelo Novo Banco e as linhas de crédito concedidas, assim como a idoneidade dos seus destinatários e contrapartes negociais”.

Sublinhando que o BE vai votar a favor de todas as propostas de criação de comissão de inquérito apresentadas, Mariana Mortágua afirmou que a investigação ao financiamento ilícito no Chega poderia começar a ser feito e apontou vários nomes de dirigente e ex-dirigentes do Chega com ligações a negócios ruinosos na banca.

“Façamos já a investigação. E pouparemos a Assembleia da Republica a uma comissão de inquérito futura e pouparemos também o país das aldrabices de um partido comprometido até ao pescoço com os negócios mais obscuros da elite financeira e económica”, instou Mariana Mortágua, sublinhando que André Ventura “não é só um político do sistema; é um político do pior que o sistema tem”.

Mariana Mortágua referiu, a título de exemplo, o nome de Salvador de Andrade, que foi “administrador da ex-imobiliária do BES, onde é colega de José Maria Ricciardi”, e que “até há bem pouco tempo” era vice-presidente do Chega. Recentemente, referiu a deputada bloquista, foi “gabar-se para a revisão ‘Visão’ de financiar o Chega”.

O mesmo acontece, segundo Mariana Mortágua, com Pedro Pessanha, dirigente do Chega/Lisboa, que “assessorou vários negócios do ex-BES Angola (BESA)”, hoje conhecido como Banco Económico, e com Francisco Cruz Martins, “ligado aos escândalos do Banif, Vale do Lobo, Panama Papers e negócios com a elite angolana”, que veio assumir publicamente que “participa e mobiliza os seus contactos para ‘luxuosas almoçaradas’ de angariação de apoios e fundos para o Chega”.

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