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Marijuana pode valer 20 mil milhões e há quem queira colher os lucros

Boris Jordan e Bernie Sucher, investidores que fizeram fortuna na Rússia capitalista dos anos de 1990, afirmam à Bloomberg que o próximo mercado emergente onde vale a pena apostar é o do canábis. E o local são os EUA.
24 Agosto 2017, 15h40

“É como a Rússia, em 1990”, afirma Boris Jordan, co-fundador da Renaissance Capital, a propósito do mercado emergente da marijuana legal nos EUA, à Bloomberg. “Estamos a falar de uma indústria que está ainda na sua infância e que terá de ser construída de raiz, legislação e tudo”, continua.

Apesar de ainda ilegal à luz da lei federal dos EUA, as vendas de marijuana nos Estados que já legalizaram o seu comércio disparou desde que a Califórnia permitiu que os médicos começassem a prescrevê-la a alguns doentes, em 1996.

Até agora, são já 29 os Estados que legalizaram o consumo e venda de canábis, com oito deles a irem além do uso medicinal e a legalizarem o consumo recreativo da droga nos últimos cinco anos. Apesar da oposição da Administração Trump, as vendas de marijuana atingiram os cinco mil milhões de euros nos EUA, com os analistas da Arcview Market Research a preverem um crescimento continuado deste mercado, que em 2021 deverá valer mais de 17 mil milhões de euros, apenas nos EUA.

Por isso, este será o próximo mercado onde investir, segundo o dono do Sputnik Group, uma empresa de private equity baseada em Moscovo, que detém já uma empresa na área, a PalliaTech. Juntamente com os seus parceiros, Jordan prepara-se para investir 100 milhões de dólares na transformação da PalliaTech numa rede nacional de dispensários de marijuana, com lojas abertas em 13 Estados e produção própria. Não identificando os seus parceiros, Jordan adiantou à Bloomberg que está perto de conseguir angariar 200 milhões de dólares para investir noutras oportunidades nesta indústria.

Bernie Sucher, ex-responsável pelas operações russas da Merrill Lynch, partilha do interesse do seu compatriota. A Tikun Olam USA, de que Sucher é CEO, é uma joint venture com o maior fornecedor de marijuana medicinal de Israel e opera já nos Estados de Delaware, Nevada e Washington.

O mais recente investimento da empresa é de 9,3 milhões de dólares e foi feito no licenciamento e comércio das suas variantes de canábis aos produtores locais. A TikunOlam, que quer dizer “Reparar o Mundo” em hebreu, é também parceira da MedReleaf, uma produtora canadiana de canábis.

Mais do que na venda de marijuana, a empresa foca-se em biogenética, produzindo variantes da canábis que se especializam em maleitas específicas, de cor crónica a stress pós-traumático.

Vias alternativas 

Depois de terem feito fortuna na época da queda do comunismo, perdido tudo com o colapso financeiro de 1998 e refeito o seu portefólio aproveitando o boom que surgiu com a ascensão de Vladimir Putin ao poder, ambos os investidores voltaram a ser afetados pelas sanções internacionais e pela depreciação do preço do petróleo, que tem atrasado a recuperação russa da mais longa recessão do século. Por isso, viraram-se para o mercado americano da marijuana.

Mas estes dois investidores não são os únicos veteranos do mercado russo a achar que a marijuana será o investimento do futuro. Will Abbott, responsável pelas equities do Bank of America Corpna Rússia, abandonou o cargo no ano passado para agora estar a investir 20 milhões de dólares em instalações de produção, que deverão iniciar a sua atividade em março de 2018 no estado do Arizona.

“O facto de ser tão difícil investir neste mercado, prova analogia de mercado emergente”, disse à BusinessWeek. “A legislação, juntamente com outros obstáculos, tornam muito difícil a entrada neste mercado”.

O maior deles é a lei federal, que impede o comércio transestadual e impõe grandes impostos, aumentando os custos para as empresas que operam em vários estados. Isso também encoraja os bancos de maior dimensão e as empresas de cartões de crédito a evitar esta indústria, o que força os comerciantes a operar maioritariamente com dinheiro.

Mas Sucher acredita que, apoiando os produtores, os primeiros investidores arriscam-se a ganhar vantagem, uma vez que 94% dos americanos acredita que a canábis deve ser legalizada para fins medicinais, ao passo que 61% defende a legalização total, de acordo com um inquérito da Quinnipiac University, datado de 3 de agosto. “É uma corrida ao ouro moderna”, afirma Sucher. “Deixa-me com saudades do que foi começar a Troika há 25 anos. Mas, desta vez, ninguém se vai magoar.”

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